Apresentação
Dando
conclusão a esta etapa do Estágio Orientado de Prática Psicopedagógica Clínica,
do curso de pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e Clínica – Turma 9 -
IERGS/UNIASSELVI, e tendo em vista a necessidade de uma experiência prática
onde se aplica grande parte dos fundamentos aprendidos ao longo do curso, com
os princípios teóricos e metodológicos estudados, agora, exercitando
efetivamente a função de psicopedagogo clínico.
O
Estágio Orientado foi realizado em uma escola da Rede Privada de Alvorada – Escola Adventista de Ensino Fundamental de
Alvorada, localizada à Rua Vereador Ary Muller, nº 222, Bairro Jardim
Maringá, Alvorada, RS. Esta etapa, com carga horária de 40 horas, teve início
no dia 13 de junho de 2012 e término em 31 de
agosto de 2012, e contou com atividades de diagnóstico e intervenção a fim de
concretizar a prática necessária à certificação do curso de Psicopedagogia
Clínica e Institucional.
Este
relatório é composto de fundamentação teórica, da descrição das atividades, das
observações e das experiências vivenciadas no período do estágio que se baseou
nas teorias de Piaget, Visca, Paín, Weiss, Fernandéz, Moojen, Bossa, dentre
outros.
Encontram-se
anexadas a este trabalho as fichas normatizadoras do estágio e cópias das
atividades aplicadas com o aprendente. A atividade de colocar em prática os
conhecimentos adquiridos oportuniza ao estagiário o contato com o ambiente de
trabalho, consciência da importância do trabalho desenvolvido, interação com
novas pessoas e possibilidade de entrar no mercado de trabalho já com boas indicações.
1.
INTRODUÇÃO
O
termo "dificuldade de aprendizagem" (no original em língua inglesa,
"learning disability") aparentemente foi usado pela primeira vez e
definida por Kirk (1962, citado em Streissguth, Bookstein, Sampson, & Barr,
1993, p. 144). O autor referia-se a uma aparente discrepância entre a
capacidade da criança em aprender e o seu nível de realização. Porém, a
dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio, que pode ser gerado por
uma série de problemas cognitivos ou emocionais e que pode afetar qualquer área
do desempenho escolar do aprendente.
Moojen
(1999) afirma que, ao lado do pequeno grupo de crianças que apresenta
Transtornos de Aprendizagem decorrente de imaturidade do desenvolvimento,
existe um grupo muito maior de crianças que apresenta baixo rendimento escolar
em decorrência de fatores isolados ou em interação. As alterações apresentadas
por esse contingente maior de alunos poderiam ser designadas como “dificuldades
de aprendizagem”. Participariam dessa conceituação os atrasos no desempenho
escolar por falta de interesse, perturbação emocional, inadequação metodológica
ou mudança no padrão de exigência da escola, ou seja, alterações evolutivas
normais que foram consideradas no passado como alterações patológicas.
Paín
(1981, citado por Rubinstein, 1996) considera a dificuldade para aprender como
um sintoma, que cumpre uma função positiva tão integrativa como o aprender, e
que pode ser determinado por:
1. Fatores orgânicos: relacionados com
aspectos do funcionamento anatômico, como o funcionamento dos órgãos dos
sentidos e do sistema nervoso central;
2. Fatores específicos: relacionados às
dificuldades específicas do indivíduo, os quais não são passíveis de
constatação orgânica, mas que se manifestam na área da linguagem ou na
organização espacial e temporal, dentre outros;
3. Fatores psicógenos: é necessário que se
faça a distinção entre dificuldades de aprendizagem decorrentes de um sintoma
ou de uma inibição. Quando relacionado ao um sintoma, o não aprender possui um
significado inconsciente; quando relacionado a uma inibição, trata-se de uma
retração intelectual do ego, ocorrendo uma diminuição das funções cognitivas
que acaba por acarretar os problemas para aprender;
4. Fatores ambientais: relacionados às
condições objetivas ambientais que podem favorecer ou não a aprendizagem do
indivíduo.
Fernandez
(1991) também considera as dificuldades de aprendizagem como sintomas ou
“fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão em jogo
quatro níveis: o organismo, o corpo, a
inteligência e o desejo. A dificuldade para aprender, segundo a autora,
seria o resultado da anulação das capacidades e do bloqueamento das
possibilidades de aprendizagem de um indivíduo e, a fim de ilustrar essa
condição, utiliza o termo “inteligência aprisionada”. Para a autora, a origem
das dificuldades ou problemas de aprendizagem não se relaciona apenas à
estrutura individual da criança, mas também à estrutura familiar a que a
criança está vinculada.
As
crianças que apresentam fracasso no desempenho escolar e atribuem isso à
incompetência pessoal e apresentam sentimento de vergonha, dúvida sobre si
mesma, baixa autoestima e distanciamento das demandas da aprendizagem,
caracterizando problemas emocionais e comportamentos internalizados, os
sentimentos de frustração, inferioridade, raiva e agressividade diante do
fracasso escolar podem resultar também em problemas comportamentais. Esses
relatos são próprios e também são observados pela família e pelos profissionais
que fazem os atendimentos.
De acordo com o National Joint Committee on Learning Disabilities
(NJCLD), representante de várias organizações que se ocupam com este tema, afirmam
que “dificuldade de aprendizagem” é um termo geral que se refere a um grupo heterogéneo
de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da
audição, fala, leitura, escrita, raciocínio, ou habilidades matemáticas. Estas
desordens são intrínsecas ao indivíduo, presumivelmente deve-se a disfunções do
SNC e podem ocorrer ao longo da vida.
O
número de crianças com dificuldades de aprendizagem é cada vez maior, portanto
estamos nos referindo a uma grande parcela da população escolar, desta forma, na
maioria dos casos o professor é o primeiro a identificar que a criança está com
alguma dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos
ao desenvolvimento e ao comportamento da criança, as famílias não devem
negá-las, nem minimizá-las, nem tão pouco maximizá-las. Trata-se de saber,
conhecer e aceitar suas dificuldades tentando sempre não fazer exigências acima
de suas possibilidades nas áreas que apresenta dificuldade. A família deve ser
um apoio constante ajudando-a a superar suas crises e encaminhando-a ao
psicopedagogo para que este possa diagnosticar suas fraturas e intervir de
forma positiva e curativa.
É
necessário que o psicopedagogo tenha um olhar abrangente sobre as causas das
dificuldades de aprendizagem, indo além dos problemas biológicos, rompendo
assim com a visão simplista dos problemas de aprendizagem, procurando
compreender mais profundamente como ocorre este processo de aprender numa
abordagem integrada, na qual não se toma apenas um aspecto da pessoa, mas sua
integralidade.
Necessariamente,
nas dificuldades de aprendizagem que apresenta um sujeito, está envolvido
também o ensinante. Portanto, o problema de aprendizagem deve ser
diagnosticado, prevenido e curado a partir dos dois personagens e no vínculo.
(Fernández, 1991, p. 99). Assim, cabe ao psicopedagogo voltar seu olhar para
esses sujeitos, ensinante e aprendente, e também para os vínculos e a
circulação do saber entre eles.
2. METODOLOGIA
O Estudo de Caso foi realizado com a participação de um menino de 10
anos, aluno de instituição particular, cursando o 3º ano do Ensino Fundamental,
que mora com sua avó materna, tio e primo e possui irmã, padrasto e mãe, (pai
desconhecido).
A avaliação psicopedagógica tem um impacto importante na vida dos alunos
e alunas assim como também em suas famílias. Por isso devem se extremar as
medidas para que as condições em que for feita, os instrumentos, o procedimento
e a análise dos resultados não incorporem distorções que comprometam os
resultados. (SÁNCHEZ-CANO, 2011).
Na avaliação psicopedagógica de V.S.R. os instrumentos utilizados foram:
Entrevista de Anamnese (realizada com a avó), E.O.C.A., Provas para Diagnóstico
do Pensamento Operatório, Jogo Simbólico, Testes de Leitura, Teste de Audibilidade,
Atividades de Sequência Lógica, Prova da Noção de adição e subtração, Técnicas
Projetivas Psicopedagógicas (Par Educativo – Família Educativa), Inventário
Alfabético, Teste Compreensão Oral, Coleção Papel de Carta, Entrevista com
Material Escolar, contato com a escola (professora e orientadora pedagógica),
entre outros.
3. REGISTRO DA QUEIXA
Aprendente:
V.S.R.
Queixa:
V.S.R. está cursando o 3° ano do Ensino Fundamental, estuda no turno vespertino
em uma escola da Rede privada na cidade de Alvorada. A avó do menino apresentou
a seguinte queixa: V.S.R. tem apresentado comportamento irregular na sala de
aula e em casa. Não consegue fazer as atividades em sala de aula e não realiza
as atividades enviadas para casa. Sua preocupação é com as notas baixas de V. A
avó tem receio de que poderá ser reprovado este ano; o aluno ainda não consegue
ler fluentemente, não reconhece todas as letras, troca os fonemas/grafemas, além
da dificuldade na leitura apresenta dificuldades na escrita e dificuldade básicas
em matemática.
4. DESCRIÇÃO DAS
ATIVIDADES REALIZADAS
4.1 Entrevista Inicial com a Orientadora Escolar
No primeiro encontro foi realizada a entrevista com a orientadora da
escola, Lilian Tauber, foi entregue a carta de apresentação, seleção do
paciente, registro da queixa por parte da escola, definição das datas, horários
de atendimento e local.
A escola apresenta Vitor Santos da Rosa, de 9 anos e 11 meses, aluno do
3º ano do Ensino Fundamental, o aluno repetiu o 2º ano por não ter atingido
nível satisfatório para promoção.
Apresenta dificuldades na escrita e na leitura, não faz os deveres de casa e
não consegue acompanhar a turma.
4.2 Entrevista Contratual
A entrevista contratual é um contrato realizado com os pais ou
responsáveis pelo aprendente que será avaliado. O objetivo da mesma é colher
dados pessoais e ouvir a queixa que eles trazem sobre o problema que a criança
vem apresentando, bem como realizar o combinado quanto ao horário de
atendimento, quantidade de sessões, etc.
É também uma etapa muito importante do diagnóstico. O psicopedagogo
deverá estar atento à fala dos pais, se concordam ou não, se culpam a criança
ou a escola pelo fracasso e se se isentam de qualquer responsabilidade, se
valorizam algum aspecto da criança entre outros.
Devido o não comparecimento da pessoa responsável pelo aluno V.S.R. para
a realização da entrevista contratual, foi realizada uma entrevista de sondagem
a fim de estabelecer um vínculo afetivo entre aprendente e psicopedagoga.
V.S.R. me foi apresentado pela
orientadora, que nos conduziu à sala dos professores para o início dos
trabalhos. Nossa apresentação transcorreu de maneira bastante tranquila, fiz
algumas perguntas a respeito da escola, pedi que me contasse como era sua
turma, sua professora, e de maneira tímida, Vitor me contou que a turma era
bastante agitada, que ele senta-se bem no fundo da sala e que tem poucos
amigos, apenas quatro. A respeito das disciplinas, Vitor relatou gostar mais de
História, Ciências, Matemática e que não gosta de Religião, Artes e Português.
Ao ser indagado a respeito de sua família, Vitor relatou que mora com a avó
materna, seu primo e um tio que está desempregado no momento. Sua mãe, o
companheiro e suas irmãs moram na mesma rua, porém em outra casa. Ele vê sua
mãe diariamente.
4.3 E.O.C.A.
– Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem.
Esta
é a primeira sessão realizada com o aprendente e tem como objetivo investigar
os vínculos que ela possui com os objetos e os conteúdos da aprendizagem
escolar, observar suas defesas evitativas e como enfrenta os desafios. Visa
perceber o que a criança sabe fazer e aprendeu a fazer, além de investigar o
modelo de aprendizagem do sujeito, sendo sua prática baseada na Psicologia
social de Pichón Rivière, nos postulados da Psicanálise e no método clínico da
Escola de Genebra (Bossa, 2000). Para Visca (1987), a EOCA deverá ser um
instrumento simples, porém rico em seus resultados.
É
da EOCA que o psicopedagogo extrairá o 1º Sistema de hipóteses e definirá sua
linha de pesquisa. Logo após são selecionadas as provas piagetianas para o
diagnóstico operatório, as provas projetivas psicopedagógicas e outros
instrumentos de pesquisa complementares.
Geralmente,
estarão presentes os seguintes materiais:
•
folhas de papel de carta
•
folhas pautadas
•
lápis novo sem ponta
•
apontador
•
caneta
•
borracha
•
régua
•
livros
•
revistas
•
cola
•
tesoura
•
sucata
•
Jogos
•
barbante
•
massa para modelar
•
lápis de cor
•
pedaços de papel colorido
Conforme
os casos podem ser acrescentados outros materiais.
Consigna: “Gostaria que você me mostrasse o que
sabe fazer, o que lhe ensinaram fazer e o que aprendeu a fazer. Para isso,
poderá utilizar este material como quiser, ele está à sua disposição”.
No
primeiro momento o aprendente ficou meio estático e ao mesmo tempo fascinado
pelos materiais expostos. Apesar do encantamento não manifestou nenhuma ação de
tocar nos mesmos. Quando repeti a consigna ele então analisou todo o conteúdo
cautelosamente, pegou uma folha em branco, cordão, cola, hesitou entre cola e
fita durex, pegou um lápis e ao perceber que estava sem ponta não teve
inciativa de apontá-lo, procurou outro, virava-se constantemente para os lados,
pegou lápis de cor e uma régua, esboçou um círculo, ficava pensativo,
demonstrando não saber o que fazer, diante de tanta indecisão pegou outra folha
em branco, a todo o momento dizia não saber o que fazer, de repente, um estalo,
já sei, disse ele: vou fazer um cata-vento, dobrou-a, recortou, e começou a fazê-lo.
Hesitou novamente entre cola e fita durex, entre lápis de cor e canetinhas,
finalmente o coloriu. Voltou a olhar dentro da caixa e se interessou por
adesivos, porém desistiu, pois eram grandes para colar em seu cata-vento e
finalizou seu trabalho.
Manteve-se
concentrado ao realizar a atividade, demonstrou insegurança e indecisão, trabalhou
calado e não solicitou a minha participação. Não guardou os materiais
voluntariamente, porém atendeu ao pedido de guardá-los com estavam. Neste
momento demonstrou estar mais a vontade, retirou tudo da caixa, analisou todos
os objetos e os guardou seguindo um critério de classificação.
4.4 Técnicas
Projetivas
De
acordo com Visca, as Técnicas Projetivas tem como objetivo investigar os
vínculos que o sujeito pode estabelecer em três grandes domínios: o escolar, o
familiar e consigo mesmo, pelos quais é possível reconhecer três níveis de
relação ao grau de consciência dos distintos aspectos que constituem o vínculo
de aprendizagem.
Para
Sara Paín (1992), podemos avaliar por meio do desenho ou do relato, a
capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e
elaborar a emoção, além de permitir avaliar também, a deteriorização que se produz
no próprio pensamento que fala por meio do desenho e onde se diz mal ou não se
diz nada, o que oferece a oportunidade de saber como o sujeito ignora.
Visca
observa que não é necessário aplicar todas as provas e que se devem utilizar
somente aquelas que se considerem necessárias em função do que se observou,
lembrado que além dos três grandes domínios devemos observar a seleção das
técnicas projetivas por idade e que os critérios para interpretação devem
somar-se aos critérios gerais do diagnóstico para a interpretação das provas.
4.4.1 Par
Educativo (Investigar os vínculos de aprendizagem do sujeito)
Consigna: Gostaria que você desenhasse duas
pessoas: uma que ensina e uma que aprende.
O
aprendente informou que não gosta muito de desenhar, porém fez um desenho
rapidamente, sem muitos detalhes, utilizando a forma humana em palitos.
Utilizou o canto inferior à direita para fazer o desenho. Desenhou duas
figuras, sendo uma que ensina, uma mulher chamada Maria de 20 anos e a outra,
um menino chamado Victor de 7 anos, ambos estão dentro de uma sala de aula,
perto do quadro, Maria está ensinando Victor a ler, pois ele tem 7 anos e não
aprendeu a ler, mas vai aprender. O Victor do desenho não é ele e sim outro
menino da sala dele.
4.4.2 Família Educativa (Investigar o vínculo com o
grupo familiar e cada um dos seus membros)
Consigna: Gostaria que você desenhasse sua família,
fazendo o que cada um sabe fazer.
O
aprendente desenhou em primeiro plano uma árvore com frutos e copa bem
desenhada, nuvens entre sol, coloriu com cores em tom pastel observando os
limites dos desenhos, utilizou-se de toda a extensão da folha. O aprendente
novamente utilizou forma humana em palitos para desenhar uma família, se
colocou no meio de mãe e pai, mas disse que era outra família e não a dele Ao
relatar seu desenho informou que esta família está passeando com seu filho em
um dia ensolarado e que estão felizes. A mãe Sara tem 20 anos, o filho, Gabriel
com 10 anos e o pai, Renan tem 23 anos. A família foi inserida no desenho já
pronto, não coloriu os personagens e os fez sem mãos, pai e filho sem pescoço.
A idade dos personagens é sempre a mesma em todas as circunstâncias.
4.5 Análise
do Material Escolar do Aprendente e observação da rotina escolar do aprendente.
O
aprendente chega à escola utilizando transporte escolar. Aguarda o sinal e
dirige-se ao pátio onde ocorre diariamente uma acolhida coletiva. Após todos
adentram a sala de aula.
Demonstra
entusiasmo por estar na escola, senta-se no fundo da sala e seu contato com os
demais ocorre de maneira normal. Geralmente não traz o Tema de Casa feito e não
participa ativamente da correção do mesmo.
Como
ainda não consegue ler, faz as atividades vagarosamente e muitas vezes não
consegue concluí-las por já terem sido apagadas pela professora. Realiza apenas
cópia do que é colocado no quadro, com relação à escrita apresenta
características de disgrafia, manifestando lentidão ao escrever, porém sua letra
é legível e sua escrita é organizada, por não possuir orientação espacial apresenta
desorganização do texto, pois não observa a margem. O espaço que dá entre as
linhas, palavras e letras é irregular e liga as letras de forma inadequada e
com espaçamento irregular. Seus cadernos não são organizados, apresenta
desleixo, e com atividades incompletas, pula folhas e mistura as disciplinas.
No
intervalo lancha, brinca de correr. Muitas vezes as brincadeiras terminam em
confusões.
4.6 Anamnese
É
uma entrevista realizada com os pais ou responsáveis do aprendente e tem como
objetivo resgatar a história de vida do sujeito e colher dados importantes que
possam esclarecer fatos observados durante o diagnóstico, bem como saber que
oportunidades este sujeito vivenciou como estímulo a novas aprendizagens.
A
Anamnese é uma das peças fundamentais desse quebra-cabeça que é o diagnóstico,
pois, por meio dela, nos serão reveladas informações do passado e do presente
do sujeito aprendente juntamente com as variáveis existentes em seu meio.
Todas
as informações essenciais da anamnese devem ser registradas para que se possa
fazer um bom diagnóstico e confrontada com todo o trabalho do diagnóstico para
se proceder a devolução e o encaminhamento.
A
Anamnese foi realizada com a avó que tem a guarda legal do Aprendente, V.S.R.
para conhecimento da queixa e aquisição de dados que nortearão o possível
diagnóstico sobre as dificuldades de aprendizagem do mesmo. Na coleta das
informações foram levadas em consideração as etapas do desenvolvimento do
aprendente desde a gravidez até o estágio atual, bem como os aspectos sociais,
sobre as doenças na infância, linguagem, vida escolar, sexualidade e outros
surgiram no decorrer da entrevista. Não foi possível realizar um levantamento
de dados precisos, pois a avó desconhecia alguns fatos. A mãe do aprendente não
compareceu em nenhuma das solicitações.
4.7 Teste do Desempenho Escolar
O TDE é um instrumento psicométrico que busca oferecer de forma objetiva
uma avaliação das capacidades fundamentais para o desempenho escolar, e é
comporto por três subtestes: Escrita
que compreende a escrita do nome próprio nome e de palavras isoladas
apresentadas sob forma de ditado; Aritmética,
compreendendo a solução oral de problemas e cálculos de operações aritméticas
por escrito; e de Leitura,
verificando-se o reconhecimento de palavras isoladas no contexto.
Subteste de Escrita
Consigna: Escreva seu nome
nesta linha.
O aprendente escreveu corretamente seu nome utilizando letra bastão.
Ditado de palavras
O aprendente se recusou a fazer – disse que não sabia escrever as palavras.
Subteste de Aritmética – Parte Oral
Consigna: Agora nós vamos
fazer algumas tarefas de matemática. Vou fazer-lhe algumas perguntas e no final
você fará alguns cálculos.
Indicar qual número é maior.
Qual é o maior, 42 ou 28?
Respondeu corretamente
Adição e subtração
Se você tinha 3 balas e ganhou mais 4, com quantas balas você ficou?
V. conta nos dedos e responde corretamente.
João tinha 9 figurinhas e perdeu 3. Com quantas figurinhas ele ficou?
Novamente faz a contagem utilizando os dedos da mão e responde
corretamente.
4.8 Inventário Alfabético
Foram apresentadas ao aprendente, as
letras do alfabeto de maneira desordenada. À medida que eu as retirava de uma
caixa pedia para que ele fosse nomeando-as.
O aprendente não as nomeou de imediato, mas reconheceu a grande maioria,
soube informar uma palavra que começasse com cada letra, porém não lembrava o
nome da letra G e da letra P.
Nomeou corretamente as letras:
P – E – B – K – H – Q – Z – J – O –
R – V – G (trocou por P) – D – C – A – V – M – W – N (trocou por M) T (trocou
por F) – Y – X – L – (Não lembrava o nome da letra) S – I.
Ao solicitar que as colocasse em ordem alfabética, V. as ordenou
tranquilamente até a letra P, pulou a letra Q e depois da letra V travou,
solicitei que as nomeasse em voz alta, ele as lia na ordem, porém passava pela
letra Q nomeando-a R, fez isso várias
vezes.
Ao escrever seu próprio nome, acertou o primeiro nome e teve dificuldades
nas 3 últimas letras do sobrenome, colocava a letra O no lugar do T e espelhou
o R.
Ao escrever LUCIANA – não conseguiu continuar depois da letra I,
acrescentava a letra O antes do A, escrevendo LUCIOANEA.
Peço então que escreva o nome de sua avó Lizete, V. se recusou, disse que
não tinham letras, verbalizou: - Não tem as letras.
Peço que escreva o nome de uma pessoa querida, por quem tenha afeição.
Ele procura as letras lentamente e as escondeu pedindo para que eu me virasse
logo em seguida me mostrou o que escreveu demonstrando estar bastante
emocionado, ele escreveu o meu nome. Permanecemos ambos em silêncio por alguns
momentos.
Omite, transpõe e acrescenta letras e utiliza qualquer letra como curinga
quando não sabe que letra escrever.
4.9 Teste de Audibilidade
Neste teste
são aplicadas várias pranchas com diversos testes de avalição de memória.
PRANCHA 1 - MEMÓRIA DE FRASES
LÚCIA FAZ BOLO PARA A MAMÃE.
|
ü
|
O ANIMAL FEROZ CAIU NO BURACO.
|
ü
|
A LINDA MENINA FAZ AS TAREFAS DE CASA.
|
ü
|
NO ALMOÇO COMI ARROZ, FEIJÃO, PÃO E GUISADINHO.
|
|
UM PEQUENO CACHORRINHO ENTROU NO PÁTIO DE MINHA CASA.
|
|
PEDRO E SEU IRMÃO SOBEM
NO ÔNIBUS QUE VAI PARA A ESCOLA.
|
Obs.: O
aprendente falou corretamente as três frases mais curtas, não conseguiu
memorizar a sequência das palavras das três últimas, chegando a inserir
palavras não existentes. Não conseguiu escrever as frases.
PRANCHA 1 –
MEMÓRIA DE DÍGITOS
ü
3 – 8 – 6
|
7 – 2 – 0 – 9
|
ü
2 – 7 – 5
|
1 – 5 – 8 – 6
|
ü
9 – 0 – 4
|
9 – 4 – 7– 3 – 1
|
ü
7 – 3 – 2
|
8 – 4 – 2 – 3 – 9
|
3 – 4 – 1 – 7
|
5 – 2 – 1 – 8 – 3
|
6 – 1 – 5 – 8
|
7 – 0 – 4 – 9 – 6
|
Obs.: Conseguiu
oralmente êxito na sequência numérica de apenas três dígitos.
Errou uma
sequência de 4 dígitos e as quatro sequências de 5 dígitos. Quanto à escrita,
não grafou os dígitos.
PRANCHA 3 —
MEMÓRIA DE RELATO
a Relato com 3 fatos
Ontem era domingo,
|
ü
|
as crianças foram jogar bola
|
ü
|
e voltaram cansadas.
|
ü
|
b Relato com 4 fatos
O menino estava de aniversário,
|
|
convidou seus amiguinhos,
|
convidou os amigos dele
|
todos cantaram parabéns
|
os amigos cantaram para ele
|
e ele ficou feliz.
|
c Relato com 5 fatos
A menina foi visitar sua vovó,
|
A menina foi visitar a vó dela
|
que mora perto do parque.
|
|
Ela andou de roda-gigante,
|
|
comeu pipoca
|
|
e voltou à noite.
|
d Relato com 6 fatos
Paulo levou seus brinquedos para a escola,
|
|
na hora do recreio brincou com seus amigos,
|
|
depois guardou tudo na sacola
|
|
Ele esqueceu um carrinho.
|
|
Em casa chorou muito,
|
|
mas no outro dia a professora entregou.
|
Obs.: Na prancha
3 – memória de relatos. Conseguiu recontar apenas o relato com três fatos.
4.10 Provas Operatórias de Piaget
De acordo com Visca, (1995), a
aplicação das provas operatórias tem como objetivo determinar o nível de
pensamento do sujeito realizando uma análise quantitativa, e reconhecer a
diferenças funcionais realizando um estudo predominantemente qualitativo, ou
seja, sua aplicação nos permite investigar o nível cognitivo em que a criança
se encontra e se há defasagem em relação à sua idade cronológica.
Segundo Weiss:
“As provas operatórias
têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções
chave do desenvolvimento cognitivo, detectado o nível de pensamento alcançado
pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognitiva que opera” (2003, p.106).
Ela ainda nos alerta que não se
devem aplicar várias provas de conservação em uma mesma sessão, para se evitar
a contaminação da forma de resposta. Observa que o psicopedagogo deverá fazer
registros detalhados dos procedimentos da criança, observando e anotando suas
falas, atitudes, solução que dá às questões, seus argumentos e juízos e como
arruma o material. Isto será fundamental para a interpretação das condutas.
Para avaliação
as respostas são divididas em três níveis:
Nível 1: Não há conservação, o sujeito não atinge o
nível operatório nesse domínio.
Nível 2 ou intermediário: As respostas apresentam oscilações,
instabilidade ou não são completas. Em um momento conservam, em outro não.
Nível 3: As respostas demonstram aquisição da noção sem
vacilação.
Visca propõe que o psicopedagogo coloque em prática algumas estratégias no
momento da aplicação das provas para que não fique nenhuma dúvida sobre o nível
cognitivo identificado.
É muito importante que o
psicopedagogo sempre pergunte, após cada resposta dada: Como sabe? Pode me
explicar? Para observar o pensamento do entrevistado, que argumentos ele utiliza.
PROVAS
APLICADAS:
4.10.1 Conservação de Massa
Duas massas de modelar de cores
diferentes cada uma, cujo tamanho possa fazer duas bolas de aproximadamente 4cm
de diâmetro.
O aprendente disse que as duas bolas
eram iguais, tinham a mesma quantidade. Após a primeira modificação (uma bola e
uma salsicha), o aprendente disse que a salsicha era maior que a bola, porque
era mais comprida. Na segunda transformação (uma bola e uma pizza), transformou
a bola em salsicha e disse que a salsicha era maior que a pizza, partiu a pizza
em pedaços e fez o mesmo com a salsicha para provar que a pizza podia ser
partida em 8 pedaços e a salsicha em 10 pedaços, afirmou que a salsicha era
maior que a pizza. Mesmo com a contra argumentação não mudou sua resposta. Na terceira
transformação, uma bola dividida em quatro bolinhas, afirmou que os pedaços
eram maiores que a bola. No retorno empírico: se eu voltar a fazer uma bola com
esses pedaços, teremos a mesma quantidade ou uma terá mais e outra menos? Ele
afirmou que os pedaços serão maiores.
O aprendente não conserva,
estabelece a igualdade inicial, mas não conserva em nenhuma das modificações e
não responde bem às contra argumentações (Nível 1 – pré-operatório intuitivo
global).
4.10.2
Quantificação da Inclusão de Classes:
Apresentamos dez margaridas e três
rosas. O Aprendente não teve dificuldade de identificar a qualidade das flores,
bem como o que eram as rosas. Conseguiu identificar os dois conjuntos
conhecidos (flores e rosas) ele os identificava, quantificava e comparava.
Nesta prova obteve êxito em todas as
perguntas, nível 3 (presença da quantificação inclusiva – primeiro sub-estágio
do operatório concreto).
4.10.3 Mudança de Critério ou Dicotomia
Materiais:
5 círculos
vermelhos de 2,5cm de diâmetro
5 círculos
vermelhos de 5cm de diâmetro
5 quadrados
vermelhos de 2,5cm de diâmetro
5 quadrados
vermelhos de 5cm de diâmetro
5 círculos azuis
de 2,5cm de diâmetro
5 círculos azuis
de 5cm de diâmetro
5 quadrados
azuis de 2,5cm de diâmetro
5 quadrados azuis
de 5cm de diâmetro
Duas caixas
planas de mais ou menos 4 a 5cm de altura e 12cm de largura.
O aprendente se confundiu ao separar
os círculos, pegava os quadrados e dizia serem os círculos, repetiu o mesmo
erro por várias vezes. Separou corretamente os que se pareciam, (cor), separou
por tamanhos, (grandes e pequenos) e disse que não eram iguais, se fossem do
mesmo tamanho seriam iguais, separou por formas, separou os quadrados grandes
dos pequenos e fez a mesma coisa com os círculos.
Avaliação: O
aprendente utiliza os três critérios: cores, formas e tamanhos com certa
dificuldade de raciocínio, mas precisou de uma pequena ajuda, aparenta estar no
primeiro sub-estágio do operatório concreto – nível 3.
4.10.4
Conservação de comprimento
Um barbante de 10cm e outro de 15cm
– Esta é a minha rua (maior) e esta é a sua (menor). Nós iremos caminhar igual
ou um caminhará mais que o outro? A aprendente disse que eu caminharia mais,
pois o meu é mais comprido. Na primeira
modificação manteve a resposta e disse que eu andaria mais, pois tinha mais
voltas para fazer que ele. Na segunda
modificação se confundiu dizendo que agora ele andaria mais, pois a rua dele
tinha mais curvas.
Nesta prova apresentou nível de
transição, estabelece a igualdade inicial, responde com acerto à pergunta de
retorno empírico – ora conserva, ora não conserva.
4.11.Teste
de Sondagem Escrita de Emília Ferreiro
Esse teste está
baseado nas pesquisas de Ferreiro e Teberosky. Apresenta-se a criança quatro
figuras ou se dita quatro palavras e uma frase.
As palavras seguem a seguinte
regra:
1º palavra polissílaba.
2º palavra trissílaba
3º palavra dissílaba
4º palavra monossílaba
Utiliza-se primeiramente uma palavra polissílaba para que não haja
barreiras na espontaneidade da escrita da criança. As palavras devem ser do
mesmo grupo semântico, com a finalidade de que a criança possa se localizar
dentro de um contexto.
A frase tem como objetivo:
Verificar
a estabilidade na escrita;
Noção de espaçamento entre as palavras;
Nível de desenvolvimento em relação ao texto:
Noção de espaçamento entre as palavras;
Nível de desenvolvimento em relação ao texto:
Aplicação do Teste:
1º Foi apresentado o alfabeto e
pedido que V. circulasse algumas letras. Acertou as vogais.
2º Apresento as seguintes figuras e
peço que escreva o seu nome ao lado de cada figura.
JOANINHA – o aprendente escreveu: GPOD
CARACOL – o aprendente
escreveu: CAVO
PEIXE – o aprendente escreveu: NCUT
BOI – o aprendente escreveu:BOE
3º Frase ditada:
O CARACOL NÃO TÊM OSSO.
O aprendente escreveu: GAVO NÃO OSA
4º - Repito o teste com outras
palavras.
DINOSSAURO – O aprendente escreveu:
GATO
CAVALO – o aprendente escreveu:
CAPO
GATO – o aprendente escreveu: GATAO
RÃ – o aprendente escreveu: AMT
5ª
- Frase ditada:
O GATO É MEU
O aprendente escreveu: GATAO FABO
Conclusão do Teste:
Nível de
desenvolvimento da escrita: silábico- alfabético.
4.12 Prova Leitura
O Aprendente realizou primeiramente uma leitura silenciosa do texto.
Enquanto realizava esse tipo de leitura, acompanhou com o dedo todas as
palavras do texto e usou a articulação, observou as figuras do livro e por
várias vezes folheou o livro indo para o final e voltando ao início parecendo
contar a quantidade de folhas do mesmo.
Quando terminou a leitura silenciosa peço que realize a leitura em voz
alta. Ele demonstrou angustia e nervosismo, acompanhou com o dedo a primeira
palavra da página e por diversas vezes tentou adivinhar as palavras, também
omitiu sílabas, palavras. Demonstrou uma dificuldade extrema. O volume de sua
leitura é baixo, demonstra insegurança, porém em algumas vezes tenta nos
driblar fingindo saber ler.
4.13 Atividade
de Matemática
Sabe realizar as operações
matemáticas utilizando os algoritmos. Tem noção sequência numérica e pouca
noção do sistema de numeração decimal, mais precisamente na decomposição dos
numerais. Apresenta noção tempo/espacial.
4.14 Teste Compreensão Oral
Este
teste de compreensão oral poderá ser utilizado com crianças acima de 7 anos:
Leia para a criança oralmente e
peça-lhe que ouça e diga SIM ou NÃO e explique por quê:
Resultado do teste aplicado a V.
1 As
batatas são cozidas na água fria
Responde não –
porque a água deve ser quente
2 Muitas
pessoas gostam de passear á noite, pois o sol está muito alto e claro.
Responde não
– de noite não tem sol
3 Depois
que chove muito, o chão fica todo molhado.
Responde sim – a
chuva molha o chão
Quando vão ao circo, as crianças adoram brincar de
carregar elefantes
responde não – os elefantes são gordos e as crianças são pequenas.
responde não – os elefantes são gordos e as crianças são pequenas.
O trem de carga carrega muitos passageiros e só anda nos trilhos
Responde não –
trem não anda na rua.
O avião é mais rápido que rápido que o navio porque voa
e o navio não
Responde não – a água leva o navio e o avião voa.
Responde não – a água leva o navio e o avião voa.
7 O
homem diz ao seu cachorro: - Lulu fique de guarda, vou viajar! Lulu responde:
Pode ir patrão, que tomarei conta da casa.
Responde não –
cachorro não fala
8 Os
pintinhos nascem sempre dos ovos e os gatinhos nascem da barriga da mãe.
Responde sim –
porque os pintos nascem dos ovos.
9 Eu
gosto de ir ao cinema porque lá estudamos muito
Responde não –
no cinema é para olhar filme.
1 Mamãe
quando faz bolo, assa-o na geladeira.
Responde não –
não se faz bolo frio.
1 Um boi ia à
frente de três bois. Olhou para trás e contou: um, dois, três.
Responde não –
boi não fala.
1 Estava
passeando na cidade. O céu estava azul, sem nenhuma nuvem. De repente, começou
a chover e eu corri para casa.
Responde não –
correu pra casa pois não vai se molhar por nada.
1 Meu pai é
mais velho que eu, mas meu avô é mais velho que meu pai.
Responde sim – porque o pai nasceu primeiro.
1 Os
alimentos, para não estragar, são guardados na geladeira.
Responde sim –
para não estragar.
1 Os cavalos
que moram no chiqueiro e os porcos que moram na cocheira pertencem ao
fazendeiro.
Responde sim –
porque foi o fazendeiro que adotou eles.
1 Os animais
mais engraçados que vemos no circo são os macacos e os mais fortes são os
elefantes.
Reponde sim –
porque os elefantes são mais gordos.
1 Quando vou
viajar, eu arrumo as minhas roupas e coloco-as no fogão.
Responde não –
se botar no fogão pode queimar a mala..
1 Um carro ia
dançando pela estrada. De repente, parou porque acabou a gasolina. O motorista
pegou um balde, encheu de água e colocou no carro. Este andou e continuou a
viagem.
Responde não –
coloco gasolina e não água.
1 Carlinhos
saiu de casa. O céu estava azulzinho. De repente, gritou para o amigo: Veja que
lindo arco-íris está no céu!
Responde não – não tem arco-íris porque não choveu.
2 Três amigos
se encontraram. Um deles disse:
- Eu sou
maquinista e dirijo o trem; o outro disse:
- Eu sou
motorista e dirijo o carro; o outro disse: - Eu sou piloto e dirijo o avião.
Responde sim –
está tudo certo.
2 Eu gosto de
ir ao sítio de minha tia. O único cuidado que tomo, quando estou lá é com as
ruas, que são movimentadas. Nelas passam muitos carros.
Responde não –
sítio não tem ruas.
2 As plantas
nascem e crescem na terra, mas precisam de água para não morrer.
Responde sim –
porque precisam de ar.
2 A noite
mais escura é quando cai um temporal e o céu fica todo colorido de estrelas.
Responde não – o
céu fica preto.
Avaliação do
teste: V. ouviu bem e respondeu corretamente todas as frases.
4.15 Coleção Papel de Carta
Segundo Chamat (1997), os objetivos
gerais deste teste se dão através da apresentação de seis lâminas que compõem o
Teste Coleção Papel de Carta, as lâminas com desenhos infantis, sugerem
temas específicos como: Comunicação, Vinculação Afetiva, Receber Afeto,
Interação Familiar, Relação com a Aprendizagem e Prognóstico, através destas
lâminas pretende-se levar a criança a projetar-se nos personagens,
possibilitando detectar possíveis causas de suas dificuldades de aprendizagem,
através da análise dos aspectos manifestos e latentes de sua elaboração, bem
como a análise de sua escrita. A criança conta uma história sobre cada lâmina,
que é devidamente anotada pelo aplicador. A correção é realizada pela avaliação
qualitativa de cada história apresentada.
Também podemos levantar as possíveis
causas da dificuldade de aprendizagem da criança no campo afetivo-cognitivo e a
problemática emocional subjacente à aprendizagem quanto aos obstáculos que
emergem na relação com o conhecimento.
Analisar os esquemas de pensamento utilizados pelo sujeito, na estruturação das estórias, bem como os aspectos relacionados com sua função semiótica, isto é, os recursos disponíveis quanto aos significantes e significados.
Analisar os esquemas de pensamento utilizados pelo sujeito, na estruturação das estórias, bem como os aspectos relacionados com sua função semiótica, isto é, os recursos disponíveis quanto aos significantes e significados.
E por fim, processar uma análise
específica de sua produção escrita, quanto à estruturação da estória e os tipos
de erros cometidos, a fim de subsidiar o trabalho psicopedagógico.
As lâminas são apresentadas uma a
uma ao aprendente que deve descrever o que vê na cena e dizer o acha que esta
acontecendo com os personagens. Após, pede-se que escolha dentre as seis, a
Lâmina que mais gostou e justifique sua escolha, com a finalidade de verificar
qual dos estímulos propicia uma maior identificação do sujeito, relacionado com
seus medos, desejos e ansiedades, que podem vir a se constituir na causa dos
bloqueios e ou inibições afetivo-cognitivas. Pede-se em seguida que escreva a
estória narrada oralmente objetivando-se a comparação do conteúdo verbalizado
com o conteúdo escrito, bem como a análise de sua escrita. (caso saiba
escrever).
Relato da aplicação do Teste Coleção Papel de
Carta.
Lâmina 1 –
Quem são os personagens e o que está acontecendo? Não soube dizer o que estava
acontecendo na cena. Insisto e ele diz que tem um gato, depois modifica,
dizendo ser um coelho, tem uma carta que ele vai entregar para o papai noel.
Lâmina 2 –
Quem são os personagens e o que está acontecendo? Tem um sapo, coelho, sol,
passarinho, bolha, ovelha e um elefante dando banho nos filhotes.
Lâmina 3 –
Quem são os personagens e o que está acontecendo? Achou a lâmina muito
engraçada, riu muito, disse que tinha um rato fazendo o filho dormir e um
passarinho cantando para o outro dormir, eles estão fora da casinha. A mãe do
ratinho vai dormir na casinha e vai deixar o filhote na redinha. Nesse momento
teve um insight e lembrou-se de fatos da sua infância, de quando tinha 2 anos.
Contou-me que achava que sua mãe batia nele porque furava o dedinho do pé com
uma agulha para tirar algo. Doía muito e ele chorava. Pergunto se ele continua
achando que sua mãe o machucava, ele diz que não, ela apenas cortava suas
unhas.
Lâmina 4 – Quem
são os personagens e o que está acontecendo? Novamente pôs-se a rir muito.
Neste tem um pato, patinhos, um nadando, o outro tá chorando (não sei).
Novamente lembrou-se de fatos de quando era menor, desta vez disse que tinha
uns 4 anos e que colocou sua irmãzinha dentro de uma banheira em cima da cama e
começou a empurrar fazendo de conta que era um carrinho. Sem querer derrubou a
banheira, a irmã chorou muito e eles a levaram para o hospital, mas não
aconteceu nada, ela não se machucou, mas eles brigaram comigo.
Lâmina 5 –
Quem são os personagens e o que está acontecendo? Agora achava tudo engraçado.
Sentia-se mais a vontade. Nesta tem um gatinho que tá lendo um livro, um cavalo
cheirando o macaco, uma tartaruga dormindo, uma borboleta voando. O macaco tá
fazendo uma mágica, tem um palco, olha os livros e os passarinhos voando.
Lâmina 6 –
Quem são os personagens e o que está acontecendo? Nessa tem um urso panda, tá
brincando de atravessar o rio e tem um pato, um peixe, um sapo e dois
passarinhos. Tem um avião e a árvore quebrada, o avião tá passando e todos tão
brincando de atravessar o rio. Novamente me contou sobre sua irmãzinha. Sabia
que eu brincava com ela de carrinho, sabe aqueles carrinho de bebe, eu subia
dentro dele junto com minha irmãzinha e empurrava, só parava quando batia no
muro. Mas não machucava ninguém não. Era divertido. Agora não brinco mais com
ela, porque moro com a vó e ela na casa da minha mãe, o marido dela não quer
que eu vá lá, ele não gosta de mim.
Consigna: Escolha a
lâmina que mais gostou e conte uma estória, dando um título para ela.
Ele escolheu a sua preferida, ou
seja, a que mais gostou a lâmina nº 3 – depois numerou as outras estabelecendo
uma ordem (eu gostei das outras também, nessa ordem: 6 – 4 – 5 – 2 – 1).
Peço que me relate a estória da
lâmina escolhida, ele a analisou, ficou bastante pensativo e após minha
insistência relatou o seguinte:
A mãe está
fazendo o seu filho dormir e os passarinhos estão cantando para ajuda a fazer o
filho dormir.
E o filho
dormiu como um anjo e os passarinhos cantando.
É de noite e
não tá chovendo, o céu tá cheio de estrelas e tá calor e eles tão do lado de
fora da casa. A luz tá acesa, lá dentro tá o pai, eles não tem irmãos.
Que título
você daria para a sua estória?
AS FAMÍLIA DE RATO.
Neste momento V. ficou bastante
emocionado, tentou disfarçar cobrindo o rosto com as mãos, mordiscava os
lábios, e segurava o choro, eu leio sua estória e ele fica calado, pergunto se
gostou se quer mudar algo, diz que não, assim tá bom.
Permanece com a cabeça baixa,
pensativo e com os olhos cheios d’água.
Este relato o sensibilizou muito.
Está é a sua estória.
Ficamos em silêncio por alguns
minutos e encerramos a sessão.
5. INFORME PSICOPEDAGÓGICO
O laudo ou informe psicopedagógico
tem como finalidade resumir as conclusões a que se chegou na busca de respostas
às perguntas iniciais que motivaram o diagnóstico. Esse documento deve ser
entregue apenas a instituição (escola, Hospital...) que solicitou o
diagnóstico, não sendo necessário a entrega para os pais, a estes devemos
apenas realizar a entrevista devolutiva de forma verbal.
INFORME PSICOPEDAGÓGICO DO APRENDENTE V.S.R.
Motivo da avaliação:
A orientadora da escola de Vitor busca avaliação psicopedagógica, com o
objetivo de auxilia-lo em suas dificuldades na aprendizagem.
Segundo relato da orientadora e da avó, V. apresenta problemas na
realização das tarefas escolares, tem dificuldades na leitura e na escrita. A
avó relata que V. frequentemente apresenta mudanças de humor e comportamento
inadequado ao lidar com ela, informa ainda que o menino sente muito a falta da
mãe.
LEITURA:
Na prova de decodificação de palavras V. apresenta dificuldade acentuada.
Não consegue identificar todas as sílabas, faz confusão entre as letras
efetuando troca de fonemas/grafemas. Não realiza leitura silenciosa nem oral.
Síntese:
Dificuldade acentuada na leitura.
|
ESCRITA:
Grafia: Preensão adequada do
lápis. A folha verticalmente em direção ao corpo, determinando adequada
sinergia articular. V. é canhoto e apresenta bastante habilidade no uso da mão
esquerda. (recorte).
Ortografia: Na prova do
Inventário Alfabético consegue identificar a maioria das letras com lentidão
efetuando a troca do N pelo M – G pelo P – T pelo F – A pelo O, se confunde ao
escrever palavras acrescentando letras. Ao solicitar que ordenasse o alfabeto
apresentou dificuldades informando ter esquecido o nome das letras. Não
reconheceu as letras L e Q.
Par educativo – Produção textual: Solicitado
a desenhar a pessoa que ensina e a pessoa que aprende, desenha: Uma professora
Maria de 20 anos e Victor de 7 anos. Verbaliza que esse “Victor” não é ele,
esse tem o “C” no nome, é outro menino e ele ainda não aprendeu a ler, mas vai
aprender. Ambos estão no ambiente da sala de aula próximo ao quadro que não
aparece no desenho, ocupa a margem inferior direita da folha para o desenho.
O texto que escreve sobre o Par Educativo é o seguinte:
SEM TÍTULO
|
Não escreveu
nada, apenas relatou verbalmente o que estava acontecendo.
|
Síntese: V. apresenta dificuldades
importantes no processo de leitura e escrita, bem como, trocas de letras, e a
não identificação de algumas, não apresenta uma produção textual sintética.
|
NÍVEL DE PENSAMENTO:
Os dados levantados a partir de algumas técnicas piagetianas de
investigação do desenvolvimento das estruturas cognitivas permitem inferir que Vitor,
no que se refere à construção da noção
de conservação da quantidade de matéria, apresenta respostas indicativas de
um nível inicial pré-operatório
intuitivo articulado, ou seja, num nível 2 - de transição, ora conserva, ora
não conserva; no que se refere à seriação,
observa que realiza com imprecisão, no que se refere à construção da estrutura de classificação com mudança de critério
dicotomia, as condutas são intermediárias, reunindo os elementos por
critério de cor e tamanho, no que se refere à inclusão de classes obtendo
êxito. Qualitativamente, observou-se que Vitor realizou com presteza as
atividades solicitadas, teve curiosidade sobre o material, teve um ritmo acelerado
na resolução das proposições, demonstrou insegurança na realização das mesmas.
Concluindo, os dados apontam para construções que se situam
predominantemente num nível de transição entre o pré-operatório e
operatório-concreto. Isso também se evidencia na realização dos cálculos
matemáticos.
Síntese: Nas provas de nível de
pensamento V. apresentou desempenho num nível intermediário, as respostas
apresentam oscilações, instabilidade ou não são completas. Em um momento
conserva em outro não.
|
MATEMÁTICA:
No teste de problemas matemáticos de Stein, que envolvem distratores linguísticos,
demonstrou pequenas falhas na realização das operações de adição, as respostas
não foram corretas pelos problemas nos cálculos.
Síntese: Demonstra interesse e gosto
pelos números e pelas contas, porém ainda apresenta dificuldades na
construção do número.
|
DESEMPENHO ESCOLAR:
De acordo com a análise do material escolar
evidencia-se, falta de cuidado com seus cadernos, apresentam desenhos
coloridos, adesivos, alguns espaços em branco e orelhas nos cadernos, letra
variada, omissões de letras e trocas. Realiza cópia do quadro e por falta de
organização espacial e temporal comete falhas e apresenta atividades
incompletas. Não realiza os temas de casa.
CONDUTA DURANTE A AVALIAÇÃO:
Demonstrou-se sempre participativo e
disponível. Ora entusiasmo, ora apreensivo, apesar de não revelar suas emoções.
SÍNTESE: Indica-se atendimento
psicopedagógico voltado às questões de lecto-escrita e desenvolvimentos das
habilidades de construção do cálculo.
|
6. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Após ter realizado as sessões diagnósticas e o fechamento do
diagnóstico em um segundo momento a criança/jovem poderá ser submetido ao
tratamento que varia de acordo com a origem do problema. Assim sendo é possível
que se torne necessário apenas a intervenção psicopedagógica, ou também a
intervenção de outros profissionais, a exemplo de psicólogos, de
fonoaudiólogos, e demais especialistas. Outra possibilidade é unir o
acompanhamento psicopedagógico a um desses profissionais ou a mais de um. É
importante ressaltar que em alguns casos os pais e ou a família também devem
passar por algum processo terapêutico.
O acompanhamento psicopedagógico
parte das questões investigadas no diagnóstico. Através de atividades variadas
pretende-se vencer os obstáculos que se impõem ao processo de aprendizagem para
que a criança possa retomá-lo com maior autonomia e sucesso. O trabalho
psicopedagógico visa desencadear novas necessidades, de modo a provocar o
desejo de aprender e não somente uma melhoria no rendimento escolar. Durante o
acompanhamento são estabelecidos contatos periódicos com a equipe escolar
(coordenador e professores) e responsáveis pela criança, visando maior integração
entre terapeuta-escola-família.
Segundo Feurstein, Rand, Hoffman e
Miller (1980), as experiências vividas durante o processo de mediação permitem
à criança modificar as suas estruturas cognitivas, e, consequentemente,
adaptar-se a novos modos de funcionamento. A plasticidade cognitiva varia em
grau de uma criança para outra, e está diretamente relacionada à capacidade
individual de se beneficiar da ajuda recebida durante o processo de mediação.
A intervenção psicopedagógica
dirigida à criança com dificuldade de aprendizagem visa promover ajuda
continuada à criança, na medida em que representa uma situação protegida de
ensino-aprendizagem, com objetivo de dessensibilizar a criança, diminuindo a
ansiedade frente à tarefa de aprender e propiciar o desenvolvimento de
habilidades e transmitir conhecimentos (Linhares, 1998b). Dessa forma, a
intervenção psicopedagógica pode ampliar a possibilidade de detectar recursos
potenciais cognitivos da criança, muitas vezes encobertos por situações
aversivas de ensino experimentadas anteriormente.
7. DEVOLUTIVA FINAL COM ENCAMINHAMENTOS
A entrevista de Devolução segundo
Weiss (2007) não é um momento isolado do diagnóstico, mas uma parte de um
processo iniciado com o primeiro contato telefônico e parte de um processo que
se prolonga no tratamento.
Esse é o momento que marca o
encerramento do processo diagnóstico. É um encontro entre sujeito, terapeuta e
família visando relatar os resultados do diagnóstico, analisando todos os
aspectos da situação apresentados, seguindo de uma síntese integradora e um
encaminhamento.
Esta é uma etapa do diagnóstico
muito esperado pela família e pelo sujeito e que deve ser bem conduzida de
forma que haja a participação de todos, procurando eliminar as dúvidas ou pelo
menos discuti-las exaustivamente afastando rótulos e fantasmas que geralmente
estão presentes em um processo diagnóstico.
A Entrevista de Devolução é de
responsabilidade de quem realizou o diagnóstico psicopedagógico, e jamais
poderá ser dada por telefone. As informações deverão ser dadas aos pais e ao
filho separadamente, pois desta forma, favorecemos a distinção de identidades
dentro do grupo familiar. A criança não deve ser excluída da devolução de
informação, já que sua problemática é o motivo central da consulta, o
psicopedagogo deve atentar para a linguagem que deverá ser no nível de
entendimento da criança e dos pais evitando usar termos técnicos ou ambíguos.
A Devolutiva jamais deverá ser
utilizada para culpar ou repreender os pais ou paciente.
Para essa sessão pode se usar um
roteiro apresentado por Weiss que precisa ser adaptado de acordo com o
diagnóstico de cada paciente:
1º
procedimento: Inicia-se a entrevista retomando a queixa inicial;
2º
procedimento: Decorre-se, sucintamente, sobre cada instrumento utilizado. O
psicopedagogo deve explicar que procurou durante esse período avaliar aspectos
pedagógicos como de leitura, escrita, raciocínio lógico matemático, etc.
Pedindo sempre para que o paciente relembre o fez em cada sessão, O material
dos testes não deve, de forma nenhuma, ser mostrado aos pais, atentando para o
segredo profissional dos atendimentos.
3º
Procedimento: Deve se tocar nos aspectos mais positivos do paciente.
Em diferentes perspectivas teóricas
da Psicologia é estudado o problema do baixo autoconceito, da baixa autoestima
como elemento bloqueador no movimento dos indivíduos em busca de novas
conquistas. O importante é localizar de onde vem esse sentimento através das
entrevistas de anamnese projetivas em geral e, no momento da devolução, tocar
nesse aspecto tentando produzir um início de movimento. (WEISS, 2008.p.138-139)
Sabemos que a criança, muitas vezes,
sofre de um assedio moral devido a suas dificuldades na escola ou até mesmo no
ambiente doméstico, e isso vem fazendo com que a sua autoestima ou autoconceito
esteja baixo, por isso é preciso ter muita cautela no momento de apresentar os
aspectos causadores de sua problemática.
4º
Procedimento: Continuando a sessão analisam-se os aspectos que estão realmente
causando a dificuldade na aprendizagem apresentando as recomendações (nos
níveis familiares e escolares), e indicações necessárias (atendimentos
necessários com outros especialistas).
5º
Procedimento: Finaliza-se a sessão deixando claro o modelo de Aprendizagem do
paciente, seus pontos fortes e fracos quanto à aprendizagem assim como as
possibilidades de mudança na busca do prazer e eficiência no aprender.
No caso do aprendente V.S.R.
considerando-se as diversas causas que podem interferir no processo de
ensino-aprendizagem, investigar o ambiente no qual a criança vive e a
metodologia abordada nas escolas é importante antes de se traçar o enforque
terapêutico, uma vez que a criança pode não apresentar o distúrbio de
aprendizagem, mas apenas não se adaptar ou não conseguir aprender com
determinada metodologia utilizada pela professora, como também pela carência de
estímulos dentro de sua casa.
O aluno com dificuldades de
aprendizagem pode exigir um atendimento variado, incluindo, reforço escolar,
aconselhamento profissional especial, desenvolvimento de habilidades básicas,
assistência para organizar e desenvolver habilidades de estudo adequadas e
atendimento psicopedagógico.
Para que o aprendente V.S.R. possa
obter melhorias no seu desempenho escolar alguma recomendações são necessária:
ü A família
deve estabelecer um horário e local adequado para o estudo do aprendente;
ü As
atividades de casa devem ser realizadas diariamente e com acompanhamento, a fim
de melhorar o rendimento escolar do aprendente;
ü A família
deve oportunizar atividades de lazer, nos finais de semana ou outro dia de
folga, a fim de proporcionar momentos de descontração e socialização do
aprendente;
ü O aprendente
deve ter acesso a livros, revistas e compartilhar leituras em casa e na escola;
ü Sugiro
mudança do local onde o aluno senta-se na sala de aula, procurando inclui-lo na
turma;
ü Por parte da
professora, que faça uso de recursos didáticos atraentes que despertem nas
crianças o desejo de aprender;
ü Envolvimento
do aprendente em atividades que exijam o uso de práticas sociais do uso da
escrita como, por exemplo: listas de compras, aviso para a avó ou professora,
leitura de bilhetes, etc.
ü Solicitar
que a família que se faça presente em momentos importantes da vida do
aprendente tais como: aniversários, reuniões escolares, festas na escola, etc.
ü Acompanhamento
psicológico;
ü Acompanhamento
psicopedagógico.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Considerando o importantíssimo papel
desempenhado pelo psicopedagogo clínico, pude perceber que intervir na vida do
aprendente que apresenta algum tipo de dificuldade de aprendizagem,
estimulando-o a superar suas limitações e trazendo de volta sua autoestima, é
uma das recompensas que dinheiro nenhum jamais poderá pagar.
A intervenção que se dá a partir de
uma queixa trazida pela família e/ou pelo educador que acompanha a trajetória
escolar desse sujeito e que conhece suas fraturas pode vir a ser uma das
ferramentas imprescindíveis para o trabalho psicopedagógico, uma vez que os
pais, em geral, têm grande expectativa com relação ao que o psicopedagogo irá
dar de informação e orientação sobre sua intervenção clínica. Assim, o termo é
entendido aqui como a fase em que o educador procura com a orientação
psicopedagógica, a natureza e a causa da Dificuldade de Aprendizagem.
A Psicopedagogia ainda é uma ciência
nova, e como tudo que se inicia, há necessidade de muito estudo e pesquisa,
inclusive para alicerçar o campo teórico. Como é uma área nova, ainda há muita comparação
entre ela e as outras ciências como, por exemplo, a Psicologia.
O objetivo da Psicopedagogia é
resgatar a dificuldade que impediu o individuo de aprender durante o processo
de aprendizagem e intervir de forma a derrubar essa barreira, para que ele possa reconstruir e prosseguir com suas aprendizagens.
A importância da parceria da
Psicopedagogia e as demais áreas que atendem o indivíduo como os profissionais
da educação e a saúde, como também, a família do paciente, tendo como objetivo
comum à aprendizagem do envolvido é algo que merece ser fortalecido em todos os
sentidos.
Como os profissionais da
psicopedagogia são os investigadores sobre as dificuldades que o indivíduo tem
em aprender, é necessário, uma pratica constante de formação, pois isso
facilitará no atendimento de qualquer paciente. Somos todos serem em
construção, aprendendo e ensinado a aprender.
Espero que como futura psicopedagoga
eu possa contribuir para mudar a realidade das escolas, e das instituições em meu
município através da divulgação da importância do trabalho do psicopedagogo e
pela cobrança da inclusão deste profissional tanto no sistema educacional
público como também no setor privado.
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Clínica: o despertar das potencialidades. Rio de Janeiro: Wak Editora.
2012.
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Clínica: Manual de Aplicação Prática para Diagnóstico de Distúrbio de
Aprendizado. Ed. Póllus Editorial. São Paulo:1998.
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interacionista. 1ª ed. São Paulo: Vetor, 2004.
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teste para avaliação das dificuldades de aprendizagem. 2ª Ed. São Paulo:
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Porto Alegre; Artmed, 2011.
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Milnitsky. TDE: teste de desempenho
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2 comentários:
O texto nos leva a pensar no grande número de crianças da escola pública que não têm um acompanhamento psicopedagógico e são discriminados por docentes.
oi sou Maiza psicopedagoga iniciando na pratica em uma escola de educação infantil, adorei seu blog, estou c muitas duvidas, inquietações, vc me ajudou em algumas, posso contar com vc p outras possiveis que virão com certeza, obrigada seu blog é lindo, amei abraço.
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