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sexta-feira, julho 26, 2013

Dificuldades de aprendizagem no Ensino Superior


Por: Emerson Luiz De Castro*

Atualmente as discussões e os parâmetros de avaliação da Educação Superior sinalizam para a concepção de uma educação profissional de excelência na qual são exigidas competências e habilidades necessárias aos egressos do Ensino Superior nas diversas áreas do conhecimento, por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação. 

Em contrapartida à busca de uma educação que atenda aos anseios da sociedade do conhecimento e da informação e dos padrões de qualidade definidos pelo Ministério da Educação, a problemática do desenvolvimento cognitivo dos alunos das instituições particulares é intensificada pela massificação e mercantilização do Ensino Superior por elas oferecido. Pode-se dizer que tais fatores contribuem para o distanciamento da concepção de qualidade, para o insucesso da formação profissional e para a falta de autonomia dos discentes, percebida como o fator crítico de sucesso pelo mercado de trabalho. 

Alguns alunos, principalmente os do primeiro ano dos cursos de graduação, apresentam determinadas dificuldades relacionadas à adaptação ao ambiente acadêmico, seja por questões relativas aos conhecimentos construídos na Educação Básica, seja por situação econômica ou por outros motivos que possam ter relação com o cognitivo, o social e até mesmo com o emocional e afetivo. 
A questão do insucesso escolar está presente em todos os níveis educacionais e não diz respeito somente às dificuldades do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem na Educação Básica, como a Psicopedagogia vinha estudando. Almeida e Silva apontam para a necessidade de uma mudança de pontos de vista a este respeito:

“A literatura indica a ação psicopedagógica voltada primordialmente para a etapa da infância, o que é desejável considerando-se uma abordagem preventiva. Porém, pouco tem-se avançado na criação de propostas alternativas de intervenção para adolescentes e adultos jovens, pessoas que, de alguma forma, conseguiram prosseguir em sua carreira acadêmica, apesar dos obstáculos encontrados no percurso,mas que em determinado momento sentem-se incapazes de continuar sem auxílio.” (ALMEIDA e SILVA, 2005, p. 46)


Há, na Educação Superior, a ideia de que o educando chega a esse nível educacional com autonomia que o torna capaz para enfrentar os desafios surgidos na academia. Essa concepção, porém, não pode ser a norteadora de uma visão psicopedagógica no âmbito acadêmico, visto que nessa modalidade educacional os educandos também apresentam demandas específicas relacionadas aos vínculos com a aprendizagem, com os docentes e com os colegas de classe. Segundo Bortolanza,“integrar-se num grupo, assimilar e assumir uma cultura universitária é uma tarefa complicada para os estudantes. Os jovens enfrentam dificuldades em vários níveis sociocognitivos e dilemas interiores, os quais, não raro, os fazem parar de aprender”. (BORTOLANZA, 2002, p.57)

Vários são os fatores que irão influenciar na construção dos conhecimentos em sala de aula e no processo educacional como um todo: os legados da Educação Básica, os conflitos e dilemas de cada um e, em se tratando de instituições particulares de ensino superior, a problemática das questões financeiras e a divisão dos estudos com a obrigatoriedade da manutenção da empregabilidade.

Atualmente é cada vez mais crescente a preocupação das Instituições de Ensino Superior com o processo de ensino e aprendizagem, diante das dificuldades constatadas em sala de aula. Considerando que o Ensino Superior responde pela formação de profissionais cada vez mais especializados, flexíveis e adaptáveis à nova configuração social e que as instituições devem desenvolver formas de atuação para o atendimento a esta nova realidade, Edna Barberato Genghini descreveu os fatores que interferem no rendimento escolar. Segundo a autora, as dificuldades de aprendizagem acontecem em diversos âmbitos, a saber:

No âmbito pessoal, os fatores que alteram o processo de produção acadêmica e/ ou a inexistência de um serviço de apoio ao estudante universitário deixam o aluno vulnerável às pressões decorrentes do Ensino Superior: ele se sente inoperante e sem condições para vencer as dificuldades que julga ser exclusivamente de aprendizagem ou de sua responsabilidade, prejudicando sua formação e crescimento pessoal e profissional;

No âmbito institucional, os sintomas manifestos de dificuldades de aprendizagem - baixo rendimento nas avaliações disciplinares, falta de motivação para acompanhar o ritmo das aulas e executar as atividades, pesquisas, laboratórios entre outras atividades próprias ao trabalho universitário - comprometem o processo de produção acadêmica, a articulação entre alunos, professores, coordenadores, estendendo-se à organização teórica e prática da administração das aulas e dos cursos, influindo na avaliação do corpo docente, podendo prejudicar a Instituição de Ensino Superior no momento da avaliação no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes;

No âmbito legal, o baixo rendimento escolar em alunos universitários dificulta e, em alguns casos até pode inviabilizar o cumprimento, por parte das Instituições de Ensino Superior, das exigências: 

Constitucional: a Constituição de 1988, artigo 206, inciso II, que proclama o princípio básico da ação educativa “a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”, bem como através do artigo 207, que atende ao disposto no art. 52 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, de que as universidades “obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”; 

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, Capítulo IV - Da Educação Superior, artigo 43, incisos I a VII, que tratam da finalidade da educação superior. 

No âmbito social, deixar o fenômeno crescer e se expandir, negando-lhe a existência em nossas instituições é o mesmo que ir à contramão da política para o Ensino Superior brasileiro, ante os desafios do novo século, que vinculam diretamente os resultados do desenvolvimento econômico e social de uma nação à qualidade e à expansão da educação e cultura, que implicam o acompanhamento das evoluções da tecnologia, e das mudanças sociais e do mercado do trabalho, num mundo de economia globalizada. (GENGHINI, 2006, p. 23)

Levando em consideração os fatores elencados por Genghini, as dificuldades de aprendizagem no ambiente acadêmico podem configurar insucessos por parte da Instituição de Ensino Superior no ranking qualitativo do cenário educacional e do cenário profissional. Os objetivos e fins estabelecidos pela legislação em vigor não são efetivados e as habilidades e competências dos egressos dos cursos de graduação não são totalmente construídas em decorrências de diversos fatores que dificultam o processo educacional no Ensino Superior. Segundo Ferraz e Pereira, dentre as causas mais comumente identificadas como explicativas do insucesso acadêmico, destacam-se, como transversais, os fatores relacionados com o processo de transição/adaptação ao ambiente da Educação Superior, dos quais se salientam os problemas de natureza acadêmica (organização curricular, métodos de estudo, estresse e ansiedade aos exames, entre outros) e os fatores relacionados com o desenvolvimento pessoal. (FERRAZ e PEREIRA, 2002, p. 150)

Além de existirem fatores estruturais e organizacionais das Instituições de Ensino Superior e dos cursos de graduação, os estudantes têm a interferência de questões de natureza pessoal, profissional e porque não dizer afetivas, emocionais, familiares e sociais, relacionadas aos vínculos com a aprendizagem, como destacam Almeida e Silva.

A aprendizagem é um processo complexo, multifatorial, contextualizado e que pressupõem vínculos. Esses podem favorecer ou obstaculizar a aquisição, a manutenção, a transferência ou a ampliação de conhecimento sistematizado. Esse conhecimento é culturalmente construído e compartilhado, instrumentando o homem para o exercício da cidadania plena, comprometida e crítica, o que pode trazer satisfação e saúde mental. Para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem a sociedade cria instituições, prepara contingente humano e autoriza sua prática por agentes especialmente preparados para essa finalidade. Quando o vínculo com a aprendizagem é positivo favorece a curiosidade pelo saber, possibilita ao aprendente transformar o conhecimento cotidiano em conhecimento científico, e apropriar-se do mesmo de forma sistemática para aplicá-lo nas mais variadas situações. Pessoas que desenvolveram um bom vínculo com a aprendizagem apresentam condições para um adequado desempenho acadêmico, tornando prazerosas as situações de aprendizagem e as relações ligadas ao ato educativo, o que favorece o andamento da carreira acadêmica sem maiores obstáculos.

Contrariamente, quando esse vínculo está carregado de sentimentos negativos, frustração ou assemelhados, o desempenho acadêmico tende a apresentar resultados pouco eficientes para a obtenção dos objetivos educativos, criando um círculo vicioso que fragiliza a auto-estima, perturba o funcionamento pleno das funções psicológicas superiores, dificulta as relações sócio-afetivas e provoca novas frustrações, confirmando de forma perniciosa a profecia auto-realizada de fracasso escolar. (ALMEIDA e SILVA, 2005, p. 46)

Podem-se agregar a esse fato a volatilidade do mercado de trabalho e as incertezas quanto à projeção do curso escolhido em termos de empregabilidade, o que também contribui de maneira significativa para acentuar as pressões familiares e acadêmicas sobre os alunos do Ensino Superior, contribuindo para a construção de vínculos negativos, carregados de ansiedade, medo e culpa.

No contexto específico do curso de Direito, percebe-se que objetivos distintos impulsionaram os acadêmicos na escolha da graduação, até mesmo pela abertura profissional que o Direito propõe. Entretanto, as Instituições de Ensino Superior devem compor o currículo segundo orientações que estabelecem as diretrizes e os eixos de formação para o curso de graduação em Direito e isso, às vezes, não corresponde aos anseios profissionais e pessoais de alguns alunos, ocasionando uma desmotivação e um fator a mais para o insucesso acadêmico.

Em sua tese de doutorado, Chaleta apontou que os problemas de natureza acadêmica, tais como a falta de métodos de trabalho, estudo e de organização dos tempos e das tarefas atribuídas são responsáveis por uma boa parte dos níveis de insucesso registrados, o que foi corroborado pelas pesquisas de Almeida e Silva junto a alunos de curso superior:

As principais queixas trazidas foram a colocação da falta de hábitos de estudo sistematizado, desorganização no método e com materiais acadêmicos, cobrança excessiva quanto ao próprio desempenho, dificuldade de acompanhar o ritmo da turma, sensação de isolamento, inadequação e desejo de abandonar a prática educativa. Alguns colocaram que “não sabiam estudar”, pois nunca precisaram antes, sendo que a simples presença e atenção nas aulas era suficiente para alcançar êxito nas provas e trabalhos. Outros indicaram desmotivação quanto aos conteúdos estudados, não conseguindo relacioná-los com aspectos do cotidiano da profissão futura. (CHALETA, 2002, p. 112)

Tais estudos nos levam a pensar que uma formação docente adequada ao Ensino Superior seja capaz de atenuar tais interferências. A preparação dos professores que lecionam no primeiro ano da graduação é primordial sob o ponto de vista psicopedagógico: eles poderão, adotando a postura de ensino andragógica, contribuir para que os alunos criem métodos de estudo e pesquisa condizentes com o perfil e com a disponibilidade de tempo e recursos de cada um, de maneira autônoma, produtiva e criativa, ressignificando os vínculos com a aprendizagem.

Outra questão que interfere no processo de aprendizagem acadêmica é a bagagem intelectual que os alunos trazem da Educação Básica. Uma pesquisa realizada no site da Faculdade de Direito Promove, Instituição de Ensino Superior particular, revelou que mais de 80% dos alunos são egressos da escola pública. Esses estudantes refletem em sala de aula o legado de uma educação pública que há muito deixa a desejar. Os reflexos mais perceptíveis são a falta de motivação e de bases intelectuais anteriores, bem como dificuldades na leitura, compreensão e escrita, que podem igualmente ter consequências graves no sucesso acadêmico. Com relação a esse fator, as Instituições de Ensino Superior podem amenizar os efeitos ao propor disciplinas extracurriculares de nivelamento, monitorias, grupos de estudos ou estratégias afins. Isso seria eficaz na medida em que houver o interesse por parte do aluno em reconhecer tais deficiências. Segundo Tavares “as principais reflexões e ações sobre a temática da aprendizagem no Ensino Superior apontam para estratégias multifacetadas e globais, envolvendo todos os atores deste processo: docentes, alunos, currículos, instituições e contextos de aprendizagem” (TAVARES, 2008, p. 21).

Psicopedagogia na Educação Superior

Na atualidade, as Instituições de Educação Superior se preocupam com o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, almejando reconhecer o que dificulta ou contribui para o sucesso da educação profissional e, consequentemente, para a projeção dos egressos no mercado de trabalho. Essa preocupação vai ao encontro dos parâmetros de qualidade educacional definidos e avaliados pelo Ministério da Educação e das habilidades demandadas pelo mercado de trabalho. A busca por uma educação de excelência no Ensino Superior pressupõe, além de investimentos na infraestrutura, biblioteca e laboratórios, investimentos na formação docente e ações direcionadas ao desenvolvimento do processo de aprendizagem dos alunos, campo de ação do psicopedagogo.

A aprendizagem, desde Vygotsky, Piaget e Wallon, é concebida como um processo de construção de conhecimentos e não meramente uma transmissão passiva dos mesmos. Pichon Riviére define aprendizagem como “apreensão instrumental da realidade”, o que se coaduna perfeitamente com as práticas andragógicas.

Além disso, a aprendizagem é influenciada pelo contexto no qual ela acontece e, especificamente, no contexto da Educação Superior, é permeada por fatores que interferem sobremaneira no cotidiano da sala de aula.

A Psicopedagogia é um campo de conhecimento e de atuação voltado para a compreensão do processo de aprendizagem humana. Procura identificar os problemas que possam ocorrer neste processo, a fim de auxiliar o sujeito em sua superação. Considera que todo ser humano, para aprender, põe em jogo três estruturas, a saber: o organismo, o corpo, a estrutura cognitiva e a estrutura dramática ou desejante. É preciso que as instituições educacionais, nos diversos níveis de ensino, possuam um profissional com competência para atuar junto aos professores e aos alunos mediando os problemas que possam vir a ocorrer na situação de ensino/aprendizagem.

Algumas instituições de ensino superior já iniciaram projetos desta natureza, criando setores psicopedagógicos voltados para o atendimento às necessidades educacionais dos alunos, principalmente aqueles iniciantes. O relato de Almeida e Silva, com o trabalho realizado em Curitiba, é um exemplo deste tipo de ação.

Em Minas Gerais temos conhecimento da existência de setores psicopedagógicos no INATEL, em Santa Rita do Sapucaí, coordenado pela psicóloga e psicopedagoga Elza Maria Corrêa e pelo psicopedagogo Paulo Renato Abrahão. Eles realizam atividades com os alunos do ensino médio da rede pública da cidade, em termos de orientação profissional e dão suporte psicopedagógico aos que ingressam na instituição pelo vestibular. O setor é denominado Núcleo de Orientação Educacional - NOE - e oferece orientação psicopedagógica e psicológica aos estudantes, promovendo atividades de caráter comportamental e de incentivo ao desenvolvimento pessoal dos alunos. Também é responsável pelo Rito de Entrada, atividade que promove a interação dos calouros da instituição e o Rito de Saída, uma espécie de despedida realizada para os formandos. Além desse setor, a instituição também conta com o Núcleo de Orientação Didático-Pedagógica, que orienta metodológica, didática e pedagogicamente os docentes, instrutores e monitores da instituição.

Outra experiência deste tipo de trabalho ocorre na Faculdade de Direito do Sul de Minas, em Pouso Alegre, que também conta com uma Coordenadoria Psicopedagógica funcionando junto aos alunos, dirigida pela professora e psicopedagoga Maria Aparecida Silva Mariosa. Segundo as informações disponíveis no web site da instituição, a Coordenadoria Psicopedagógica é um órgão de apoio ao corpo docente e discente bem como aos funcionários dos setores administrativos da Faculdade de Direito do Sul de Minas. Realiza o diagnóstico e a intervenção psicopedagógica, utilizando métodos, instrumentos e técnicas próprias da psicopedagogia; proporciona medidas permanentes de atendimento aos alunos, incluindo orientação acadêmica no que diz respeito à sua vida escolar e à sua aprendizagem; proporciona atendimento aos professores no que diz respeito a esclarecimentos sobre a didática do ensino do Direito; atende aos funcionários com esclarecimentos; oferece acompanhamento didático pedagógico aos docentes; orienta trabalhos de pesquisa e oferece suporte técnico aos acadêmicos monografistas. A coordenadoria psicopedagógica trabalha de forma personalizada, assegurando o sigilo absoluto como forma de preservar a identidade do participante. Suas competências, no que se refere ao acadêmico, são: 
  • Ajudar o iniciante a aproveitar ao máximo seus estudos; 
  • Ajudar o ingressante a compreender a Faculdade e a se ajustar às novas condições de estudo; 
  • Localizar deficiências de formação do novato e providenciar atividades de nivelamento, a fim de que não venha a sentir maiores dificuldades em seus estudos; 
  • Cooperar na solução de possíveis dificuldades com colegas, professores e outras pessoas envolvidas no processo ensino-aprendizagem; 
  • Prestar esclarecimentos profissionais, ao acadêmico, com relação ao curso escolhido; 
  • Auxiliar o acadêmico das diferentes séries, na busca de solução, quando tem problema que afeta a sua progressão satisfatória em seus estudos; 
  • Registrar ocorrências sobre a vida escolar do discente, dando ciência ao mesmo; 
  • Realizar levantamento de atividades preventivas que se destinam a prevenir possíveis causas de insucesso escolar, geralmente, constatadas no ano anterior; 

Concluindo vemos que a atuação psicopedagógica nas duas vertentes do processo de ensino/aprendizagem: docentes e alunos, pode se tornar realidade, dependendo da gestão educacional empreendida pela instituição. Se ela considera que a aprendizagem deve ser significativa para o aprendente mesmo no Ensino Superior, vai possibilitar a troca de experiências, a coerência com as expectativas do mercado de trabalho, a disponibilidade para resolver problemas e aprender novos assuntos, a articulação entre os conhecimentos que estão sendo construídos e aqueles que já foram adquiridos.

As Instituições de Ensino Superior que agem desta maneira pressupõem ainda que as teorias vão ganhando sentido quando são alocadas em contextos reais e nas interações com as práticas sociais e podem se transformar em práxis educativas inovadoras e renovadoras de esperanças e sucessos pessoais e profissionais.

Referências bibliográficas 

ALMEIDA, Franciele de; SILVA, Mariita Bertassoni. Psicopedagogia para adultos - psicoandragogia: uma proposta de atendimento psicopedagógico para adolescentes e adultos jovens. RUBS, Curitiba, v.1, n.4, sup.1, p.46-48, out./dez. 2005. 
BACH, Marcos. Consciência e Identidade. Petrópolis: Editora Vozes, 1985. 
BORTOLANZA, M. L. Insucesso acadêmico na Universidade abordagens psicopedagógicas. Erechim/RS, Edifapes, 2002. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasilia, DF: Senado Federal, 1988. 
CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque; GAYO, Maria Alice Fernandes da Silva. Andragogia na educação universitária. Revista Conceito, nº 44. 2004-2005. 
CHALETA, M.E.R. Abordagens ao estudo e estratégias de aprendizagem no Ensino Superior. Évora: Universidade de Évora - Tese de Doutorado, 2002. 
DOURADO, Luiz Fernandes. Reforma do Estado e as Políticas para a Educação Superior no Brasil nos anos 90. In: Educação e Sociedade: Revista de Ciência da educação. São Paulo: Cortez, 2004, p. 235 a 253. 
FERRAZ, M.; PEREIRA, A. A dinâmica da personalidade eo homesikness (saudades de casa) dos jovens estudantes universitários. Revista Psicologia Saúde e Doenças, p. 149 a 164. 2002. 
GENGHINI, Edna Barberato. O Ensino Superior no Brasil: Fatores que interferem no rendimento escolar e a visão dos alunos sobre suas dificuldades de aprendizagem. Revista da Educação: Universidade de Guarulhos, p. 18 a 30. 2006. 
GOECKS, Rodrigo. Educação de Adultos - Uma Abordagem Andragógica. Janeiro de 2003. Site visitado em 14 de novembro de 2010. 
LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O.U. de 23 de dezembro de 1996. 
PINTO, Álvaro Vieira. Conceito de educação. In: Sete Lições Sobre Educação de Adultos. São Paulo: Cortez, 1986, p. 29 a 40. 
PICHON-RIVIERE, Enrique. Teoria do vínculo. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,1998. 
TAVARES, J. et al. Docência e Aprendizagem no Ensino Superior. In: Investigar em Educação. Revista da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, n.º 3, Junho. Lisboa: SPCE, 2008 p. 15 a 55. 
VISCA, J. Clínica Psicopedagógica. Porto Alegre: Artes Médicas; 1998. 

* Mestre em Direito, Pós-Graduado em Direito de Empresa, Pós-Graduado em Gestão Educacional, Pós-Graduando em Psicopedagogia pela Universidade FUMEC e Graduado em Direito.

quinta-feira, novembro 22, 2012

Você sabe a diferença?

Distúrbios de Aprendizagem
 X 
Dificuldades de Aprendizagem






Conforme (Fonseca: 1995) distúrbio de aprendizagem está relacionado a um grupo de dificuldades específicas e pontuais, caracterizadas pela presença de uma disfunção neurológica.

Já a dificuldade de aprendizagem é um termo mais global e abrangente com causas relacionadas ao sujeito que aprende, aos conteúdos pedagógicos, ao professor, aos métodos de ensino, ao ambiente físico e social da escola.

Já em (Ciasca e Rossini: 2000) as autoras defendem que a dificuldade de aprendizagem é um déficit específico da atividade acadêmica, enquanto o distúrbio de aprendizagem é uma disfunção intrínseca da criança relacionada aos fatores neurológicos.

Os fatores neurológicos citados pelos autores significa que essas dificuldades estão relacionadas na aquisição e no uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas que se referem às disfunções no sistema nervoso central. Não podemos também deixar de considerar que as dificuldades de aprendizagem muitas vezes podem ocorrer concomitantemente com outras situações desfavoráveis, como: alteração sensorial, retardo mental, distúrbio emocional, ou social, ou mesmo influências ambientais de qualquer natureza

quinta-feira, agosto 16, 2012

Transtornos Perceptivos

Para entendermos melhor  e dando seguimento ao tema dificuldades de aprendizagens, abaixo um breve resumo a respeito dos transtornos que podem surgir quando ocorrem problemas nos processos neuropsicológicos, e sugestões de algumas atividades

AGNOSIAS
É a impossibilidade de reconhecer um objeto por meio da percepção. São divididas em visuais, auditivas e táteis.

Agnosias visuaisEsta alteração ocorre em pessoas que mesmo tendo a visão perfeita, não conseguem identificar o que vêem, ou seja, é preciso que toquem no objeto para reconhecê-lo. Este tipo de agnosia afeta habilidades importantes como:
  • Atenção visual - capacidade de fixar a atenção em um estímulo percebido visualmente.
  • Discriminação visual - capacidade em perceber as diferenças entre objetos de formas similares ou letras de grafia semelhante.






  • Diferenciação figura-fundo - capacidade em focar sua atenção apenas no que é relevante.

    Nesta atividade pode-se usar obras como a de Wassily Kandinsky (1911).
     
    QUAIS FIGURAS GEOMÉTRICAS VOCÊ RECONHECE NAS OBRAS ABAIXO?
  • Constância visual - capacidade de perceber as propriedades dos objetos de forma constante.


  • Coordenação visomotora - capacidade de coordenar a visão com movimentos do corpo ou de uma parte do corpo.




Atividade para coordenação viso-motora com recortes:

Apresentar ao aluno as figuras abaixo e solicitar que reproduzam por meio de recorte e colagem. O aluno deverá recortar papéis de várias cores e colá-los em uma folha sulfite de forma que fiquem iguais as figuras apresentadas.



UMA SUGESTÃO PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS É O JOGO DOS 7 ERROS, POIS AUXILIA NO DESENVOLVIMENTO DE TODAS AS HABILIDADES PERCEPTIVAS VISUAIS.

APROVEITE E JOGUE TAMBÉM, EXERCITE SUA MENTE!!!

Agnosias auditivas
É o defeito na capacidade de reconhecer a natureza dos estímulos auditivos sejam eles sons verbais, musicais ou sons que não pertencem a língua. Afetam as seguintes habilidades:
  • Atenção auditiva - capacidade de fixar a atenção em um estímulo percebido auditivamente.

Atividades
 
1-Pedir às crianças que descrevam, repitam ou imitem sons escutados fora da sala de aula:
Sons de sino 
Pessoas caminhando 
Cachorro latindo
Campainha do telefone
 
2- Dar a elas a oportunidade de ter períodos curtos nos quais escutem em silêncio poesia, histórias e canções.
  • Discriminação auditiva - capacidade em diferenciar a similaridade ou diferenças entre os sons que formam a língua oral.

Trabalho com rimas



Dominó com rimas


Trabalho com som inicial ou som semelhante






  • Diferenciação figura-fundo - capacidade em focar sua atenção apenas no que é relevante. Neste caso, estamos falando sobre focar a atenção em somente um som.

Atividades1-Tocar duas músicas diferentes, ao mesmo tempo, e pedir que as identifique.
2- Trabalhar com vários sons misturados (buzina, cachorro latindo, água caindo,etc.).

  • Memória auditiva - capacidade de recordar estímulos auditivos.

Atividades
1-Fazer com que as crianças antecipem os sons ou palavras das histórias, poesias ou canções.
2-Fazer com que as crianças com olhos fechados identifiquem sons.
3- Pedir às crianças que reconheçam sons similares ao início, meio e final das palavras.

Agnosias táteis
É a incapacidade de reconhecer os objetos através do tato, tendo dificuldade em distinguir a temperatura, textura e em reconhecer de objetos em três dimensões.

Atividades
Dominó para percepção visual e tátilAuxilia na discriminação visual e tátil das quantidades.
Sua espessura foi aumentada para que as crianças que possuem preensão prejudicada possam manuseá-lo. A identificação da quantidade, em feltro, permite utilizar a sensibilidade tátilsinestésica. A cor vermelha sobre o marrom permite um bom contraste visual.
Descrição:
Dominó de madeira, medindo 9 cm de comprimento, 4 cm de largura e 0,5 cm de espessura. A identificação da quantidade é feita com feltro vermelho.

Dominó de figuras geométricas
Permite a discriminação visual e tátil das figuras geométricas. O jogo pode ser manuseado sob a carteira ou na posição “em pé”, permitindo movimentos de flexão e extensão de braços. As peças com imãs facilitam a fixação sobre o tabuleiro, principalmente, aos alunos com dificuldade no manuseio.
Descrição:
Este dominó é de madeira e possui as figuras geométricas (círculo, quadrado, triângulo) em relevo, pintadas nas cores azul, vermelho, amarelo e verde. Sob cada peça foi colada um imã. As peças são utilizadas sobre um tabuleiro de latão revestido com papel contact.

Dominó de texturas
Permite o desenvolvimento da discriminação visual de padrões e discriminação tátil, requisitos importantes para alunos que tenham alterações sensoriais e dificuldades para discriminar, perceptualmente, estímulos visuais. Pode ser utilizado para viabilizar a alfabetização, que exige discriminação apurada de símbolos na forma gráfica.
Descrição:
Confeccionado em madeira com aplicação de diferentes tecidos: lã, veludo, malha, brim e seda.

Jogo de adivinhação
Permite trabalhar com percepção tátil sinestésica, discriminação e identificação de formas e texturas. Dentro da caixa coloca-se um material com determinada textura ou forma e a criança deverá reconhecê-lo e procurar o correspondente fora da caixa.
Descrição:
Recurso composto por uma caixa de madeira, com uma abertura na lateral, em forma de círculo, onde é fixado um pé de meia de jogador de futebol. No fundo da caixa é colada uma tira de câmara de
ar de bicicleta, que serve como antiderrapante e que ajuda a fixar a caixa sobre a mesa.

Dominó de percepção manual

Fonte:http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf
Livro:Dificuldades de aprendizagem,detecção e estratégias de ajuda.
Autoras:Ana Maria Salgado (Psicóloga)
Nora Espinosa Terán (Psicóloga)

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Sugestões de jogos para Discalculia

Os jogos constituem um espaço privilegiado para a aprendizagem e, quando bem utilizados, ampliam possibilidades de compreensão através de experiências significativas que se propõem.

Além disso, possibilitam a busca de meios pela exploração, ainda que desordenada, atuando como aliados fundamentais na construção do saber.

Os jogos, portanto, são atividades que devem ser valorizadas desde o nascimento, pois é através delas que a criança aprende a movimentar-se, falar e desenvolver estratégias para solucionar os problemas que terão pela frente (Silva, 2008).

Abaixo serão apresentadas alguns jogos/atividades, que podem ser trabalhadas tanto em salas de aulas, ou até mesmo em casa, com a supervisão dos pais, professores ou especialistas:

Matrix

O jogo é composto de um tabuleiro quadriculado de 6 x 6 e trinta e seis peças, sendo: um curinga; uma com a indicação "+15"; uma com "-6"; três com "0 (zero); quatro com "+5"; e as 26 restantes com indicações de "-1, +1,-2, +2, -3,+3,-4,+4,-5,+8,-10,+10", sendo duas de cada.

O jogo é desenvolvido com a participação de dois jogadores que têm como objetivo conseguir o maior número de pontos.

Os participantes, juntos, posicionam, no tabuleiro, as 35 fichas com os números e o curinga, todos voltados para cima.

O primeiro a jogar escolhe se vai retirar a ficha na horizontal ou na vertical e, na primeira jogada, retira o curinga e um número que seja na mesma linha (ou coluna, conforme a opção inicial). A seguir, cada jogador, na sua vez, retira uma ficha da coluna ou na linha (de acordo com a opção inicial) da qual foi retirada a última ficha.

A partida termina quando não restarem fichas na coluna ou na linha e o vencedor será aquele jogador que, ao adicionar os pontos das fichas retiradas, conseguir maior soma.

Os participantes tendem a escolher, de início, as peças com valor maior, deixando as de menor valor para fim. com o tempo perceberam que existem estratégias para se obter maior número de pontos, inclusive criando "armadilhas" para o adversário.


Tangram

O jogo é composto de sete peças (cinco triângulos, um quadrado e um paralelogramo), de cartelas com diferentes figuras e é desenvolvido por um participante, que tem por objetivo formar um quadrado com as sete peças.

Para início do jogo, deve-se procurar uma superfície plana. Encontrado o local adequado, o participante deve ter em mente que todas a sete peças devem, obrigatoriamente, ser utilizadas na formação de uma figura, sem a sobreposição de peças.

O Tagram permite milhares de combinações. Exercitando a inteligência e imaginação, o jogador pederá criar figuras inéditas, enriquecendo, assim, o acervo já existente.


O jogo do Dominó

Colaca-se a disposição da criança um jogo de dominó.
Ela deve ordenar as peças de acordo com a numeração de bolinhas contidas nas extremidades, utilizando as regras do dominó. À medida que é apresentada uma peça o aluno deve colocar a correspondente.
Esta atividade visa desenvolver a percepção do sistema de numeração e estimular a associabilidade, a noção de sequência e a contagem.


Jogo dos cubos e das garrafas


Inicialmente procuramos deixar a criança à vontade e descontraída realizando algumas perguntas para envolvê-las no jogo. Em seguida deixamos á disposição da criança algumas folhas de papel, caneta e lápis coloridos para realização de desenhos.

Entregamos algumas garafas de plásticos de tamanhos bem diferentes e alguns cubos de madeira coloridos para que ela enfileire os objetos sem observar regras. Depois pede-se que separe as garafas maiores das menores, comparando os tamanhos e verbalizando os conceitos de "grande" e "pequeno".
Esta atividade visa verificar as noções de tamanho (grande/pequeno) e a capacidade de percepção espacial e a atenção da criança.


Jogo das garrafas coloridas

Selecionamos oito garrafas de plástico diferentes, a 1ª com 15cm de altura, as outras com 12,5 cm, 10 cm, 7 cm, 5,25 cm, 4,0 cm e 3,5 cm com acabamento de fitas colantes nas beiras.
A criança deve ordenar as garrafas em tamanhos, agrupando,as de tamanhos quase iguais ou diferentes, ordenando-as em fileiras, da menor para a maior e da maior para a menor.
Estas atividades tem como objetivo verificar as noções de tamanho (maior/menor) e estimular a coordenação motora e a contagem.


Botões matemáticos

Separamos botões de várias cores e tamanhos, selecionados por cores e tamanhos. 15 botões brancos, outros tantos azuis e assim por diante.
A criança é orientada a separar botões por tamanhos, na quantidade solicitada, utilizando cordel e folha de papel.
Ela pode ser orientada a formar dúzias ou dezenas.
Esta atividade permite identificar, com facilidade se a criança domina as noções de "meia dúzia", "uma dúzia", "uma dezena" e levar o alunos à descoberta de que duas "meias dúzias" formam uma "dúzia".
O objetivo é desenvolver a habilidade de compreensão de sistema de numeração, a coordenação motora e orientação espacial.


A batalha

Materia: cartas do baralho . Às a 10
Conteúdo: leitura de numeros, comparação
A meta é ganhar mais cartas. Um dos jogadores distribui as cartas: uma para cada participante e cada rodada. Aquele que virar a carta mais alta pega todas as cartas para si. Todas as jogadas se repetem da mesma forma até que todas as cartas já tenham sido distribuídas. Se abrirem cartas iguais, os jogadores que empataram devem virar outra carta e aquele que tirar a mior ganha. Pode ser jogado em duplas ou pequenos grupos.


7 Cobras

Material: 2 dados, lápis e papel
Conteúdo: soma de dados, leitura e grafica de números
Escreve-se a sequência númerica na folha de papel (2 a 12). Na sua vez de jogar, o jogador soma os dados e marca com um X o número sorteado. Se a soma der 7, o jogador desenha uma cobra no seu papel. Quem marcar todos os números primeiro, com o menor número de cobras é o vencedor. Quem obter 7 cobras sai do jogo.


Quantos patos tens?

Material: 2 ou 3 dados, folhas de papel e lápis
Conteúdo: soma de dados, sequência númerica, comparação de quantidade, representação numérica
Combina-se antes de iniciar o número de rodadas. Cada um, na sua vez de jogar, joga os dados e efectua a soma marcando a quantidade obtida na sua folha. Ao final das rodadas, soma-se todas as quantidades obtidas e ganha aquele que obteve maior numero de "patos".


Número oculto

Material: lápis e papel
Conteúdos: comparação de quantidades, sequência numérica, raciocínio lógico matemático.
Sorteia-se um jogador para iniciar. Este pensará em um número dentro do limite estabecendo pelo grupo (0 a 10 ou 10 a 20 ou 0 a 50) anotando no papel sem deixar ninguém ver. Os outros participantes deverão, um de cada vez dizer números a serem comparados com o número oculto pensado pelo jogador. O aluno que pensou no número deve dizer se os números ditos pelos amigos são maiores ou menores que o número pensado por ele, até que alguém descubra o número oculto e ganhe o direito de pensar nele, iniciando uma nova rodada.


Jogo do detetive

Material:blocos lógicos
Conteúdo: os trabalhados com os blocos, raciocínio lógico.
As crianças podem ser organizados em duas equipas. Cada equipa dispõe de um jogo de blocos.

Nível 1 - a equipa 1 escolhe uma peça e coloca atrás de um anteparo. A equipa 2 dispõe os blocos a sua frente, para ajudar a organizar o raciocínio. Esta equipa deve discutir a estratégia de pergunta. Por exemplo: é vermelha? se a equipa 1 responder que não, a equipa 2 poderá retirar as peças vermelhas e pergunta: é amarela? as perguntas continuam até que a equipa 2 possa descobrir qual é a peça que está atrás do anteparo. Então as equipas invertem as posições e a equipa 2 passa a esconder a peça. Uma variante é marca o número de perguntas que cada equipa faz, ganhando o jogo, quem fizer o o menor número de pergunta. Entretanto, se chutar e errar, perder o jogo.

Nível 2 - quando o jogo com a manipulação das peças se tornar fácil, podemos surgir que as crianças apenas olhem para as peças, mas não as toquem.

Nível 3 - este nível é bem mais difícil. porque exige um raciocínio classificatório interiorizado, vamos surgerir que as crianças descubram a peça sem olhar para outro conjunto de blocos.

Nível 4 - esconderemos duas ou três peças simultaneamente, que deverão ser descobertas.



Referências Bibliográficas:


Silva, W.C. (2008). Discalculia: uma abordagem à luz da Educação Matemática.Relatório Final para concretização do Projecto de Iniciação Ciêntifica, PIBIC, Univerdidade de Guarulhos, Guarulhos.

Smole, K.S et all (2000). Brincadeiras Infantis nas Aulas de Matemática : matemática de 0 a 6. Porto Alegre: Armed.

DISCALCULIA



A discalculia é a dificuldade em lidar com cálculos, numerais e quantidades, dificultando as actividades de vida diária que envolvem essas habilidades e conceitos. Indivíduos com transtornos na matemática, têm a capacidade para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático substancialmente inferior à média esperada para sua idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade. É uma falha na aquisição da capacidade e na habilidade de lidar com conceitos e símbolos matemáticos. Esta dificuldade está na base do reconhecimento do número e do raciocínio matemático e envolve a dificuldade na percepção, na memória, na abstracção, na leitura, no funcionamento motor e combina actividades dos dois hemisférios.
Em suma, a criança com discalculia é incapaz de:
• Visualizar conjuntos de objectos dentro de um conjunto maior;
• Conservar a quantidade, o que a impede de compreender que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas;
• Compreender os sinais de soma, de subtracção, de divisão e de multiplicação (+, –, ÷ e x);
• Sequenciar números, como, por exemplo, o que vem antes do 11 e depois do 15 (antecessor e sucessor);
• Classificar números;
• Montar operações;
• Entender os princípios de medida;
• Lembrar as sequências dos passos para realizar as operações matemáticas;
• Estabelecer correspondência um a um, ou seja, não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras; e
• Contar através de cardinais e ordinais.

Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:
• Dificuldade na memória de trabalho;
• Dificuldade na memória das tarefas não-verbais;
• Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefa de escrita);
• Ausência de problemas fonológicos;
• Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;
• Dificuldade nas habilidades visuo-espaciais;
• Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-tácteis.

Segundo Johnson e Myklebust (1983), a discalculia classifica-se segundo seis tipos:
a) Discalculia Verbal – dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações;
b) Discalculia Practognóstica – dificuldade para enumerar, comparar e manipular objectos reais ou em imagens, matematicamente;
c) Discalculia Léxica – dificuldades na leitura de símbolos matemáticos;
d) Discalculia Gráfica – dificuldades na escrita dos símbolos matemáticos;
e) Discalculia Ideognóstica – dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos; e
f) Discalculia Operacional – dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.