terça-feira, outubro 02, 2012

Sobre a PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia, enquanto prática clínica, como campo de conhecimento e atuação em saúde e educação, tem atuado no processo de construção do conhecimento e nas dificuldades de aprendizagem que se apresentam nessa construção. A Psicopedagogia compromete-se primordialmente com o sistema educativo relativo às dificuldades de aprendizagem, buscando levar o educando a integrar-se no meio sócio-educativo, respeitando sua individualidade.
A Psicopedagogia oferece um espaço onde você poderá buscar ajuda para rever, repensar e refletir sobre suas questões de aprendizagem.
O psicopedagogo observa o indivíduo em todos os sistemas em que está inserido, ou seja, as relações entre o processo ensino-aprendizagem, saúde-doença e suas implicações. Existe, na verdade, um mito que se dissemina em várias direções: a crença de que questões de saúde são responsáveis, ao menos em parte, pela dificuldade de aprendizagem escolar. Essa questão deverá ser motivo de inquietação e objeto de pesquisas por parte dos profissionais da Psicopedagogia e da Educação antes mesmo que da Medicina. São inúmeras as obras que fazem menção ao assunto, tornando-se praticamente impossível elencar todas as possíveis definições e abordagens sobre esses conceitos.
Considerando as diversas causas que podem interferir no processo ensino-aprendizagem, investigar o ambiente no qual a criança vive e a metodologia abordada nas escolas é importante antes de se traçar o enfoque terapêutico, uma vez que a criança pode não apresentar distúrbio de aprendizagem, mas apenas não se adaptar ou não conseguir aprender com determinada metodologia utilizada pelo professor, como também carência de estímulos dentro de casa. Por outro lado, a criança pode não apresentar fatores externos e mesmo assim não conseguir desenvolver plenamente suas habilidades pedagógicas. É o caso das crianças com distúrbio de aprendizagem, cujas limitações intrínsecas se manifestam através de deficit linguístico, alteração no processamento auditivo e vários outros fatores que podem prejudicar significativamente o aprendizado da leitura e da escrita.

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGÓGICAS

A Psicopedagogia acompanha a necessidade de organizar os variados processos que fazem parte do aprendizado humano, refletindo questões relacionadas ao desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo e à situação de aprendizagem do sujeito aprendente. Atua não só no interior do aluno, mas busca sensibilizá-lo para a construção do conhecimento, respeitando seus desejos e necessidades com o acompanhamento do professor.
“O psicopedagogo pode usar como recursos a entrevista com a família; investigar o motivo da consulta; procurar a história de vida da criança realizando Anamnese; fazer contato com a escola e outros profissionais que atendam a criança; manter os pais informados do estado da criança e da intervenção que está sendo realizada; realizar encaminhamento para outros profissionais, quando necessário” (Rubinstein).
O psicopedagogo faz a ponte entre profissionais que atuam de forma multidisciplinar no acompanhamento do desenvolvimento humano, como neurologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e fisioterapeutas.
O comprometimento de todos os envolvidos (escola, professor e família) no processo de construção de conhecimento embasa decisões da ação psicopedagógica para o sucesso do acompanhamento das dificuldades de aprendizagem.

CRIANÇAS E ADOLESCENTE DESATENTOS OU DESATENDIDOS?

Nesse sentido, entende-se a necessidade do trabalho psicopedagógico atuando de forma a acompanhar o aprendiz nos processos envolvidos de aquisição e elaboração de conhecimento, estudando condições para que isso ocorra, localizando, quando necessário, dificuldades e problemas que levem a interrupções nesses processos, propondo caminhos para que o aprendiz possa superá-los. Trata-se de um momento acolhedor, de escuta atenta e ativa perante as experiências, novidades, dúvidas, perdas, anseios e medos que permeiam suas vivências e que podem estar restringindo sua aprendizagem e seu crescimento pessoal.
Há um tempo, a falta de clareza a respeito dos problemas de aprendizagem fazia com que os alunos com dificuldades fossem encaminhados para profissionais de diversas áreas de atuação sem uma resolução eficaz dos problemas detectados. Atrelada a construção do conhecimento, a Psicopedagogia atua integrativamente, associada a outras áreas do conhecimento, buscando averiguar criticamente o modo como é conduzido o processo de ensino-aprendizagem.

O JOGO E SUAS IMPLICAÇÕES NA PSICOPEDAGOGIA

Sendo a Psicopedagogia uma área que trabalha com o processo de aprendizagem e suas dificuldades, torna-se relevante que os profissionais busquem recursos diversos para desenvolver atividades que contribuam para a aprendizagem, socialização e independência dos sujeitos. Dentre esses, temos os jogos e brincadeiras, a informática, a música, os desenhos e tantos outros recursos importantes utilizados no espaço psicopedagógico para o desenvolvimento cognitivo de indivíduos que possuam algum tipo de dificuldade de aprendizagem. A ludicidade é um forte atrativo para que os indivíduos se motivem na busca de uma aprendizagem prazerosa, sendo os jogos aliados nessa tarefa. Conforme Winnicott: “É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade, e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self)”.
A brincadeira e o jogo constituem uma necessidade humana e, segundo Kishimoto, interferem diretamente no desenvolvimento da imaginação, da representação simbólica, da cognição, dos sentimentos, do prazer, das relações, da convivência, da criatividade, do movimento e da autoimagem dos indivíduos. Há de se levar em conta que todo o desenvolvimento que a brincadeira e o jogo trazem para o indivíduo é pré-requisito para ativar seus recursos de conhecimento. Sendo assim, vemos que os jogos são recursos que irão colaborar na educação, estimulando o autoconhecimento, a autonomia e a interação social e facilitando a aprendizagem.
Conforme Piaget: “O jogo é um tipo de atividade particularmente poderosa para o exercício da vida social e da atividade construtiva da criança”. Por meio do jogo, a criança assimila o mundo para atender seus desejos e fantasias. Segundo ele, o jogo segue uma evolução que inicia com os exercícios funcionais, continua no desenvolvimento dos jogos simbólicos, evolui no sentido dos jogos de construção para se aproximar, gradativamente, dos jogos de regras, que dão origem à lógica operatória.

PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL

A Psicopedagogia Clínica e Institucional tem como meta contribuir com pesquisas na área da aprendizagem e do desenvolvimento humano, de maneira ética e reflexiva, com fundamentação científica, buscando o bem-estar dos envolvidos nesse processo.
Clinicamente ou institucionalmente, a Psicopedagogia tem como centro o indivíduo em desenvolvimento e as alterações do desenvolvimento, favorecendo a apreensão de competências e habilidades que possibilite o aprender num sentido mais amplo.
É observável os crescentes problemas ligados às dificuldades de aprendizagem. Embasada em grandes teóricos como Piaget, Vygotsky, Freinet, Ferreiro, Teberosky e outros, pedagogos e professores os analisaram como insuficientes para uma intervenção ativa nas dificuldades de aprendizagem. Nessa perspectiva, surge o profissional psicopedagogo, que auxilia na intervenção realizando diagnósticos que consideram o indivíduo na sua essência interna e externa no processo de aprendizagem; compreende o sujeito da aprendizagem a partir de seu contexto cultural, social, cognitivo, psíquico e orgânico; aprofunda o estudo dos processos e instrumentos de intervenção a partir dos diferentes contextos de aprendizagem: lógica, letramento, espaço e tempo, expressões musicais, corporais e plásticas.
Cabe ao trabalho psicopedagógico a percepção de dificuldades e o planejamento adequado para a intervenção nas instituições e clínicas, interada com outros profissionais para o maior conhecimento dos processos de aprendizagem nos seus aspectos cognitivos, emocionais e corporais. É a percepção de uma criança singular que vai comandar o processo de aprendizagem e não um modelo universal de desenvolvimento, respeitando o desempenho individual de cada um, nem sempre contínuo e numa única direção.
Os problemas de aprendizagem podem ocorrer tanto no início quanto no decorrer do período escolar e expressam diferenças que variam de aluno para aluno, solicitando uma investigação no campo em que eles se manifestam.
A importância da Psicopedagogia Clínica como elemento mediador da aprendizagem, principalmente com crianças com suspeita de transtornos, inclusive o de deficit de atenção e hiperatividade (TDHI), dislexia, entre outros, tem como objetivo principal buscar subsídios teóricos para melhor entender suas influências sobre a aprendizagem e como lidar com esses comportamentos e com todos os envolvidos no processo. Encontra justificativa na afirmação de que o TDAH é um problema que atinge grande parte da população mundial e, justamente por isso, o psicopedagogo clínico tem uma contribuição para orientar o trabalho de pais e professores que tenham filhos e alunos com suspeita de tal deficiência

QUAIS OS BENEFÍCIOS DA TERAPIA?

  • Ampliar as possibilidades e potencialidades de aprender e construir conhecimentos, promovendo o sucesso do aluno.
  • Encontrar caminhos para superar dificuldades vividas no processo de aprendizagem.

PSICOPEDAGOGIA

Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia, a Psicopedagogia é um campo de conhecimento e de atuação em saúde e educação que busca compreender o processo de aprendizagem humana. Essa ciência se dedica ao processo de aprendizagem, suas dificuldades, seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu desenvolvimento. Tem um caráter preventivo e terapêutico e, em ambos os casos, o psicopedagogo atua não só no âmbito da escola, mas da família e da comunidade, intervindo nas diferentes etapas de desenvolvimento do educando.
A busca do entendimento das etapas de desenvolvimento, tanto da criança quanto do adolescente, propicia a compreensão de atitudes e de pensamentos de cada estágio, levando em consideração a história de vida individual.

No setting terapêutico, o psicopedagogo deve identificar, analisar, planejar e intervir a partir de um diagnóstico e posterior tratamento, seja clínico ou institucional. Durante o tratamento, são realizadas diversas atividades com o propósito de observar e identificar a forma de aprendizagem do educando, bem como as possíveis causas de bloqueios existentes. O psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, computador e outras situações que forem oportunas.
Frequentemente a criança não consegue falar sobre seus problemas e, através de desenhos, jogos e brinquedos, explicitará suas dificuldades. Por meio de jogos, a criança adquire maturidade e limites, aprende a ganhar e a perder, desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar, obtém maior atenção.
A Psicopedagogia ajuda a construir um novo tempo onde reside a alegria de aprender, para ver o que já foi visto de outro modo, pensar o que não foi pensado, falar o que ainda não foi falado, criar e produzir o que não foi produzido.

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