Informe Psicopedagógico
Institucional
A partir da exposição de
motivos realizada por esta instituição, sobre a indisciplina e o baixo
rendimento escolar da turma X, foi desenvolvido um diagnóstico psicopedagógico
institucional com a intenção de identificar os fenômenos que provocam o
aparecimento dos referidos sintomas.
O encaminhamento do
processo diagnóstico, envolvendo outras instâncias da instituição, deve-se ao
fato de se considerar a escola como um lugar no qual existe uma gama de
inter-relações que não permite considerar os sintomas ocorridos em uma turma com
um fato isolado.
A consecução do
diagnóstico contou com os seguintes recursos avaliativos:
-Entrevista Operativa
Centrada no Modelo Ensino-Aprendizagem (EOCMEA);
-Observações de várias aulas
(realizadas na série que porta o sintoma e na classe de mesma série que não
apresenta o sintoma);
- Observação do recreio;
-Pesquisa histórica com
direção da escola.
Após a análise dos dados
obtidos durante o período de investigação, foi possível identificar que o
comportamento dos alunos em questão está relacionado a fatores ligados à faixa
etária e ao distanciamento que tomam dos valores adotados pela instituição,
tais como princípios da prática pedagógica e a forma de condução do trabalho na
sala de aula.
No que se refere às
questões relacionada à idade, observou-se que esta turma apresenta um nível
elevado de curiosidade a respeito de aspectos ligados a sexualidade, assim como
busca atividades prazerosas e inovadoras. Estas características, esperadas pela
faixa etária em que se encontram, associadas a uma aparente condição cognitiva
e à comunicação existente entre todos os envolvidos na ação educativa, parecem
contribuir para o comportamento inadequado, irônico e de pouca cooperação
durante as situações de ensino-aprendizagem, adotado por esta turma.
Com relação às questões
que dizem respeito à dinâmica institucional, percebe-se, como fator primordial,
uma dificuldade ligada ao que Pichon-Riviére chamou de enquadramento.
Enquadramento visto com a existência de constantes que permanecem de forma
sistêmica, que sustentam os combinados e deixam espaço para o movimento do
aprender. Algumas instâncias da instituição apresentam falhas no enquadramento,
ampliadas pelo clima competitivo que muitas vezes se instala entre alunos,
entre alunos e professores e entre o corpo docente e o técnico e diretivo.
Esta dificuldade
identificada na turma X pode ser o sinal de necessidade da instituição rever
seu enquadramento como um todo, revisando seus programas curriculares, revendo
a possibilidade de execução do discurso, rediscutindo seus objetivos, entre
outras possíveis ações.
No que se refere
especificamente à turma, percebe-se que a competição existente acirra as
divergências, dificulta as relações e compromete o sucesso do aprender. A falta
do enquadramento e a dificuldade de comunicação interferem no planejamento, na
organização e na integração do grupo como um todo e do grupo com a escola.
A instituição, no
entanto, apresenta uma condição importante de abertura para a mudança,
percebida nas várias instancias entrevistadas. Este desejo de mudança e de
crescimento pode favorecer a criação e a execução de projetos que possam
contribuir para tal, o que indica um prognóstico favorável.
Com objetivo de
minimizar e ou superar os fatores responsáveis pelo aparecimento do sintoma,
faz-se necessárias uma intervenção psicopedagógica em dois níveis:
-um primeiro que envolva
a instituição como um todo, visando a discussão dos princípios que regem a ação
pedagógica e uma possível atualização dos mesmos para que não sejam sentidos
como obstáculos na ação de ensinar/aprender. Este item deve ser realizado a
longo e médio prazo e deve envolver todas as instâncias da instituição (órgão
mantenedor, direção, corpo técnico, corpo docente, pais e corpo discente);
- um segundo que ofereça
um apoio imediato à turma X, objetivando criar um espaço para a informação,
reflexão e mudança da atitude frente às questões ligadas à sexualidade e às
interferências no processo de ensino/aprendizagem. Esta ação deve envolver os
alunos da referida turma, seus pais e professores. Para tal, estamos
encaminhando o Projeto de Intervenção Psicopedagógica, para a referida análise
e aprovação. (RIGOLIN et al, 1999, p.55-57).
Atenciosamente,
Psicopedagoga
Institucional
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