quarta-feira, setembro 04, 2013

Danças Circulares no Parque

Danças Circulares

Um pouco de história...

As Danças Circulares sempre estiveram presentes na história da humanidade - nascimento, casamento, plantio, colheita, chegada das chuvas, primavera, morte - e refletiam a necessidade de comunhão, celebração e união entre as pessoas. 







Foi Bernhard Wosien (1908-1986), bailarino clássico, coreógrafo, pedagogo e pintor, que nas décadas de 50/60 percorreu o mundo recolhendo e resgatando as danças de diferentes povos. Em 1976 visitou a Comunidade de Findhorn no norte da Escócia e, a pedido de Peter Caddy, um de seus fundadores, ensinou pela primeira vez uma coletânea de danças folclóricas para os residentes.

Bernhard Wosien já estava com mais de 60 anos e buscava uma prática corporal mais orgânica para expressar seus sentimentos. Ele percebeu que havia encontrado o que procurava, pois dançando em Roda, vivenciou a alegria, a amizade e o amor, tanto para consigo mesmo como para com os outros, e sentiu que as Danças Circulares possibilitavam uma comunhão sem palavras e mais amorosa entre as pessoas.

De 1976 em diante centenas de Danças foram incorporadas ao repertório inicial e o movimento passou a se chamar "Danças Circulares Sagradas". E desde então este movimento se espalhou pelo mundo. 

A  Dança Circular se chama e se torna Sagrada pelo fato de permitir que os participantes entrem em contato com sua essência, com seu EU Superior, com a Centelha Divina que existe dentro de cada um de nós. No momento deste contato, temos a união do corpo (matéria) com o espírito.


No Brasil, as Danças chegaram através de Carlos Solano que foi hóspede na Fundação Findhorn por um longo tempo nos anos 80. Ele fez o Treinamento em Danças Sagradas com Anna Barton e recebeu o certificado como sendo o primeiro instrutor de Danças Sagradas no Brasil.

Em 1983 Sarah Marriot, que viveu em Findhorn, foi convidada a vir para o Brasil para iniciar um trabalho de educação holística no Centro de Vivências Nazaré (hoje Nazaré Uniluz), comunidade fundada em 1981 por um grupo de pessoas lideradas por Trigueirinho em Nazaré Paulista no Estado de São Paulo. Para auxiliar este trabalho em Nazaré, ela trouxe uma ou duas fitas cassete com as danças de Findhorn.

Algum tempo depois de haver retornado da Escócia e já estar trabalhando com as danças, Solano foi procurado por David e Jane de Nazaré que queriam vivenciar as danças na prática, pois só as conheciam através de apostilas.

Em 1990, Christina Dora(Sabira) vai a Suiça e conhece Maria Gabriele Wosien, e traz as danças para Nova Friburgo no RJ. Nesta ocasião Patrícia Azarian conhece as Danças Circulares e se inicia um trabalho de expansão no Rio de Janeiro.

A partir daí, pessoas de Findhorn vieram ao Brasil e brasileiros foram até lá e o movimento começou a expandir.

BENEFÍCIOS DAS DANÇAS

Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode dançar em uma Roda.  Não é preciso ter experiência anterior em dança, basta ter vontade, querer entrar em contato com a alegria e com a possibilidade da comunhão entre os seres humanos.

Dançando, nosso corpo se expressa através do movimento e aquieta a mente. A alegria brota naturalmente e o movimento simples e repetido aproxima as pessoas, promovendo uma integração física, mental, emocional e espiritual.

As Danças Circulares promovem uma rápida integração de grupos, reflexões sobre o trabalho em equipe, compreensão sobre conflitos, o despertar da criatividade, a integração dos hemisférios cerebrais, a ativação corporal, meditação dinâmica, conexão com seu Eu superior.







AS DANÇAS - Como e que tipo de músicas dançamos

  


Dançamos, geralmente, de mãos dadas. Dar as mãos em círculo é muito mais que um simples toque, é criar um fluxo de energia que vai sustentar o campo que se forma com a presença das pessoas e com todos os elementos da natureza presentes no ambiente.

Danças dos Povos do mundo inteiro, muitas com origem no folclore de cada país, outras tradicionais de comemorações, colheitas etc...

Danças Meditativas - Através do movimento repetido, podemos entrar em estado de meditação. Bernhard Wosien chamava de Meditação na Dança. Encontramos aqui músicas clássicas, tradicionais e new age.

Danças da Natureza e de Plantas Curativas - Com a evolução do movimento das Danças Circulares, foram surgindo coreografias que reverenciam a natureza e outras que vibram a energia das plantas curativas. Podemos citar Anastasia Geng (1922-2002) da Letônia, que intuiu uma música e uma coreografia para cada um dos 38 florais de Bach, com base no folclore daquela região.

Danças Contemporâneas - São danças coreografadas por dançarinos da atualidade, algumas para músicas tradicionais, outras para músicas contemporâneas, com base nos passos e nos movimentos de cada tradição.

PRÁTICAS - USUFRUINDO DOS BENEFÍCIOS DAS DANÇAS

NAS RODAS ABERTAS - São Rodas que recebem todas as pessoas que gostam de dançar e também aquelas pessoas que quiserem conhecer as Danças Circulares. Nestas Rodas não é necessário ter experiência anterior. Elas funcionam em alguns lugares semanalmente, em outros de 15 em 15 dias ou às vezes até uma vez por mês.

NAS AULAS REGULARES - São grupos que se formam e têm aulas regulares uma vez por semana e tem como objetivo o desenvolvimento da pessoa nas danças, proporcionando a prática de coreografias desde as mais simples até as mais elaboradas.

NOS TREINAMENTOS ESPECÍFICOS - São treinamentos realizados nos fins de semana, onde há um aprofundamento maior de algumas danças e o participante recebe também um CD com as músicas e as coreografias escritas. Existem treinamentos básicos, intermediários e avançados.

NO TREINAMENTO DE FOCALIZADORES - É um curso mais longo, mais profundo, cujo objetivo é formar pessoas para Focalizar as Danças Circulares. 

NOS WORKSHOPS COM PROFISSIONAIS DO BRASIL OU DO EXTERIOR Vários profissionais de outros estados e outros países são convidados a ministrar cursos e/ou vivências.

NAS ESCOLAS - Como elemento de integração, para mostrar a força do grupo, como recurso instrucional no ensino de história, geografia, artes, consciência corporal, lateralidade, coordenação motora, memória etc.

NA SAÚDE - Em hospitais, clínicas, promovendo relaxamento e alegria, contribuindo para reforçar o sistema imunológico e nas Rodas Terapêuticas, onde são trabalhadas emoções específicas através das Danças Circulares em geral, das Danças dos Florais de Bach e de outras Danças de Cura.

NAS EMPRESAS - Em atividades de integração, energização e celebração, no desenvolvimento de equipes, para trabalhar criatividade, liderança, mudança, novos desafios etc.  Pode ser utilizada também como atividade de relaxamento e meditação dinâmica, antes ou após a jornada de trabalho, gerando um equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual, proporcionando melhor qualidade de vida aos funcionários e por consequência maior produtividade.


NOS PARQUES - Para promover a comunhão entre as pessoas, resgatar a alegria de dançar de mãos dadas, entrar em contato com as mais puras emoções, meditar em movimento e vibrar uma energia de Amor e Paz para a cidade, para o estado, para o país e para o planeta.

terça-feira, setembro 03, 2013

AMIGO IMAGINÁRIO - Quase toda criança tem um





Estudos mostram que até 65% das crianças, em algum momento da infância, têm um amigo que ninguém vê. Antes de se preocupar, leia esta reportagem.

O irmão mais novo da escritora Tatiana Belinky, mãe de Ricardo, tinha um amigo imaginário chamado Bidínsula. “Perguntei como ele tinha inventado aquele nome e ele me falou indignado: ‘Eu não inventei, ele me falou’.” Ela, que era bem mais velha, bem que tentou usar o amigo para convencer o irmão a raspar o prato. “Olha lá o Bidínsula, aqui do lado, comendo tudo”, apelou. E o menino: “ele não está aqui do lado, ele está ali”. Pois é. Se seu filho insiste em diálogos imaginários com alguém que você não enxerga, relaxe. Ele não está alucinando nem vendo espíritos. Só está usando a imaginação. “A criança é imaginário ambulante”, resume Tatiana, mestre no assunto.

Uma pesquisa do Instituto da Educação em Londres descobriu que cerca de 70% das crianças tiveram amigos imaginários em algum momento. Está mais calmo? Então pode começar a ficar animado: o estudo mostrou também que esses amigos invisíveis tornam as crianças mais confiantes e articuladas.

O que fazer?

“Deixá-la em paz”, responde a psicanalista Cecilia Orsini, mãe de Fernanda e Mauro. A criança precisa brincar sozinha também. Os especialistas são unânimes em dizer que os adultos só devem participar da brincadeira se forem convidados. A criança sabe que o amigo é fruto de sua imaginação. Então, não adianta fingir que o está vendo, como fez Tatiana, isso pode deixá-la confusa. Dizer que aquilo tudo é mentira ou besteira, também é uma agressão. O melhor a fazer é ficar na sua.

No desenho Charlie e Lola, a menina, de 4 anos, tem um amigo invisível chamado Soren Lorensen, que aparece representado com tinta transparente. Para os pequenos, ter um amigo inventado pode ser o caminho para entender melhor o mundo e as relações humanas. “É o modo que as crianças encontram de entender como é ter um amigo de verdade”, explica Cecília. Nessa idade, as crianças são muito autocentradas e não costumam ter amigos reais ainda. Por meio da brincadeira, elas aprendem sobre o mundo dos adultos e se colocam no lugar do outro, conhecendo diferentes pontos de vista.

Além disso, ao criar um amigo só para ela, a criança fica no controle da situação, poder que ela não tem em outras ocasiões. É nessa brincadeira que ela abre portas para dividir seus sentimentos de raiva, tristeza, angústia… Tudo muito saudável.

O amigo imaginário pode ser um travesseiro, uma fraldinha ou até um animal. Seja o que for, representa um apoio. Por isso, ele aparece em situações de ansiedade, como o nascimento de um irmão. Brincando, a criança compreende melhor o que está sentindo.


Até quando?

O amigo imaginário surge, exatamente, quando ter amigos vira uma preocupação. Até os 3 anos, geralmente o mundo doméstico é suficiente. Depois dessa idade, a criança se interessa por ter uma companhia. Entre 6 e 7 anos, ela passa a ter uma vida social mais ativa, deixando os amigos imaginários para trás. Os de verdade vão aparecer, é só uma questão de tempo. Os amigos invisíveis só devem ser motivo de preocupação quando a criança começa a recusar muito sistematicamente a entrada na realidade. Se for o caso, procure um especialista.

Embora a pesquisa feita em Londres indique que as crianças que têm maior probabilidade de criar amigos invisíveis sejam os filhos únicos ou aqueles que têm uma grande diferença de idade em relação aos outros irmãos, não se trata necessariamente de um sintoma de solidão. Para a psicanalisa Cecília Orsini, pode ser até o contrário: a criança tem tanta companhia, que acaba preferindo se isolar no próprio mundinho, que ela domina.

Soren Lorensen, o amigo imaginário de Lola, é um menino normal, só que cinza e translúcido. Mas quando alguém interrompe a brincadeira dos dois, o garoto fica transparente. Ou seja: não atrapalhe a brincadeira, você pode acabar fazendo o amigo sumir antes da hora. Ele é um bom companheiro, será que só você não está vendo?

Fonte: Mariana Setuba (Revista Pais e Filhos)

DIVERSOS OLHARES SOBRE O BRINCAR

DIVERSOS OLHARES SOBRE O BRINCAR: VIGOTSKY, PIAGET, MONTESSORI, FERNÁNDEZ, MACEDO.

Estudiosos contemporâneos como Piaget, Vigotsky, Montessori Alicia Fernandes e Lino de Macedo deram um destaque especial ao brincar da criança atribuindo-lhe papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento humano. 

Para Vigostsky, no brincar, a criança está sempre acima de sua idade média, acima de seu comportamento diário. Assim na brincadeira, as crianças manifestam certas habilidades que não seriam esperadas para sua idade. Daí vê-se o quanto o brincar é benéfico ao aprendizado, pois a pessoa está em condição favorável para aprender.

Vigotsky diz que: A promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras, principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, tem nítida função pedagógica. 

A escola e, particularmente, a pré-escola poderiam se utilizar deliberadamente desse tipo de situações para atuar no processo de desenvolvimento das crianças. (Vigostsky apud Oliveira, 2004, 67).
Para ele a imaginação em ação ou brinquedo é a primeira possibilidade de ação da criança numa esfera cognitiva que lhe permite ultrapassar a dimensão perceptiva motora do comportamento. O brinquedo concede as estruturas básicas necessárias para as mudanças das necessidades e da consciência infantil, vivenciando uma experiência, no ato de brincar, como se fosse bem maior do que realmente é.

Piaget a reconhece como um instrumento que favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social principalmente no nos períodos sensório-motor e pré-operatório onde diz que “agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e o seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica”. (Piaget, apud Kishimoto, 1996, 95).

Desse modo, deve-se então respeitar o interesse do aluno e trabalhar a partir da sua espontaneidade, formulando os desafios necessários à sua capacidade e acompanhando seu processo de construção do conhecimento. Para esse autor, também é a representação em atos, através do jogo simbólico, a primeira possibilidade de pensamento propriamente dito, marcando a passagem de uma inteligência sensório – motora, para uma inteligência representativa pré – operatória.

Uma outra importante contribuição nesta temática foi a de Maria Montessori que desenvolveu um método e debruça-se sobre uma proposta educacional onde o aluno é o sujeito de sua própria educação proporcionando-lhes a possibilidade de vivenciar os valores que se propõe atingir ao longo da ação educativa que exercem, bem como, propiciar a liberdade de movimentos e autodisciplina e a autodeterminação. Nele o educando é educador de si mesmo, tendo a possibilidade de escolher seu trabalho, de se mover por conta própria, de se tornar responsável pelo seu progresso e crescimento. “Pelo método, o educando caminha para a independência e liberdade, numa atividade autodirigida”. ( Mafra, 1986, 22). 
O método Montessori não foi inventado, foi construído no dia a dia da criança e colorida peças sólidas de tamanhos, formas e texturas diferenciadas fazem parte das estratégias propostas que aguçam os pequenos a abrir, fechar, encaixar, abotoar, tatear, calcular, contar e uma infinidade de outros atrativos que provocam o raciocínio e auxiliam todo tipo de aprendizado do sistema decimal à estrutura da linguagem.O material dourado é um exemplo dos materiais criados por Maria Montessori que ainda hoje é largamente usado nas escolas públicas e particulares do Brasil e do mundo todo.As contribuições dessa médica, pedagoga, antropóloga e psicóloga para a área educacional, são ainda hoje universais como se percebem na utilização da disposição circular dos alunos, os jogos pedagógicos sempre disponíveis, os cubos lógicos de madeira para o ensino de matemática, como também na utilização do preceito da criança ser o condutor do próprio aprendizado; o educador ser um mediador do conhecimento e ainda, a educação voltada para o desenvolvimento de seres humanos autoconfiantes e independentes que visam tanto o bem individual quanto o bem coletivo.

Na área Psicopedagógica, renomados autores como Sara Paín, Alicia Fernandes, Lino de Macedo, entre outros, chamam atenção para o fato do brincar como um trabalho preventivo e várias pesquisas demonstram que a eficácia tem influência dos professores podem estar enriquecendo seu trabalho, diversificando recursos.
Dada a amplitude dos fatores que intervêm na determinação das causas de dificuldades ou problemas de aprendizagem, o diagnóstico e tratamento psicopedagógico, além de outros, muito se vale dos procedimentos utilizados na psicoterapia e no psicodiagnóstico, dentre os quais encontra-se o jogo ou o brincar. (PAIN, apud SISTO, 2001 p. 174).
As crianças fazem da brincadeira uma ponte para o imaginário e a partir dele muito pode ser trabalhado. Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar com regras entre outras atividades constituem meios prazerosos de aprendizagem. Além disso, expressam suas criações e emoções, refletem medos e alegrias, desenvolvem características importantes para a vida adulta. Com efeito, o brincar se constitui como recurso da psicopedagogia, tanto para tratar dos distúrbios, quanto levantar hipóteses diagnósticas, a respeito da estruturação lógica do pensamento nos fornecendo informações sobre como está organizados o pensamento da criança, seu nível operatório e sua elaboração prática nos processos de vencer situações problemas nos aspectos afetivos, sociais e cognitivos. Mas como precisar a importância do brincar na escola? Como pensar no brincar como construção do conhecimento? 

Lino de Macedo faz uma argumentação eficaz quanto a isso “... o conhecimento tratado como um jogo pode fazer sentido para a criança. Não se trata de ministrar os conteúdos escolares em forma de jogo... mas possibilitar que aprendam com seriedade, com leveza e prazer; sem medo”.(Macedo, 1997, 139). 

A postura psicopedagógica é propiciar modalidades de aprendizagem que possibilitem para cada ser aprendente sua singularidade através de experiências, e quanto a isso Fernández (2001, 71) diz que “o jogar-brincar da criança não só é produtor do sujeito enquanto sujeito desejante, mas também enquanto pensante. A inteligência se constrói a partir do jogar-brincar”. Resgatar o prazer em aprender, já desconhecido por muitas crianças, e conseqüentemente proporcionar mais e melhores condições de desenvolvimento se faz necessário e urgente.A importância do brincar tem sido evidenciada também em pesquisas recentes que levam a supor que o brincar pode aumentar certos tipos de aprendizagens, em particular, aqueles que requerem processos cognitivos mais elaborados Através da imaginação e da exploração, as crianças desenvolvem suas próprias teorias do mundo, que permitem a negociação entre o mundo real e o imaginado por elas. Assim, dando tempo para brincar, um ambiente para explorar e materiais que favoreçam as brincadeiras, os adultos estarão promovendo a aprendizagem das crianças.As brincadeiras proporcionam o aprender fazendo e brincando, possibilita à criança apreender novos conceitos, adquirir informações e até mesmo superar dificuldades que venham a encontrar em suas tentativas de aprendizagem. 
A sociedade em si reconhece o brincar como parte da infância. Essa nobre atividade é destacada como vimos nas várias concepções teóricas, onde cada um à sua maneira, mostra a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil como também para a aquisição de conhecimentos. Diante da relevância do brincar para o desenvolvimento da criança viu-se a partir da década de 60 surgirem as brinquedotecas na Europa e no Brasil em 1980, estimulando instituições a destinarem atenção ao ato de brincar.
O professor Airton Negrine argumenta que:  Quando estamos no âmbito de uma brinquedoteca infantil, podemos afirmar que é jogando que a criança constrói conhecimento. É através do jogo que os processos mentais elementares vão se transformando em processos mentais superiores. . . ao brincar a criança faz uma releitura do seu contexto sócio-cultural emergente, amplia, modifica, cria e recria através dos papéis que elege para representar. (Santos, 1997,86).

As funções das brinquedotecas mantêm um elo direto tanto com as crianças como também com contexto na qual está inserida. Entre elas, orbitam as funções: pedagógica, social e comunitária.A brinquedoteca de cunho pedagógico é a que favorece a possibilidade de escolha de bons brinquedos para subsidiar a utilização dirigida das brincadeiras. Eles são classificados, organizados e catalogados pelas suas características, para que os educadores possam levá-los para a classe e usá-los em determinadas situações de aprendizagem.Favorecer o acesso a brinquedos e aos jogos que normalmente as crianças de baixa renda não teriam possibilidades de contato, faz parte da função social da brinquedoteca.Já a função comunitária prioriza a apreensão de conceitos como: respeito, ajudar e ser ajudado, cooperação e compreensão, com o auxílio dos jogos em grupo.Como conseqüência imediata quanto à sua criação, a brinquedoteca pode adquirir várias características conforme a necessidade da comunidade que a originou.A criação de uma brinquedoteca pode variar segundo o local, instituição mantenedora, faixa etária a que se destina ou até mesmo em relação às finalidades para as quais ela está sendo criada, considerando fundamentalmente o contexto sócio-cultural onde se insere. (Santos, 1997, p.85).

Dentro de uma perspectiva comunitária podemos destacar a ação da Pastoral da Criança, que norteada pelo seu principal objetivo que é o de mobilizar a família e toda a comunidade para que, num contexto de fé, desenvolvam ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida das crianças, desenvolve o projeto “Brinquedos e Brincadeiras” que prioriza o estímulo de brincar nas comunidades, tendo como principal objetivo “estimular nas nossas comunidades o brincar como elemento indispensável ao pleno desenvolvimento das crianças”. (SANTOS, 1997, p.10). 

Tal projeto propõe assim a implantação de brinquedotecas comunitárias. A brinquedoteca da Pastoral da Criança se difere das demais por não possuir locais e muito menos recursos para a reunião de um acervo de brinquedos, criando assim características próprias como:
A) O resgate da cultura local, através do estímulo às danças jogos, músicas e outras atividades lúdicas de cada comunidade;
B) O incentivo de brincar junto, em que as famílias, compreendendo a importância das atividades lúdicas, delas participem;
C) O estímulo a atividades realizadas em contato com a natureza;
D) A realização de oficinas de brinquedos, onde os adultos e adolescentes constroem, com material de baixo custo coletado pela própria comunidade, brinquedos que possam ser doados, emprestados ou trocados para as crianças menores;
E) A troca de brinquedos, quando as crianças e as famílias emprestam seus brinquedos industrializados ou construídos artesanalmente, para que todos tenham oportunidade de vivenciar brincadeiras diferentes.